Folha de Londrina

Ex-gestores da Seed são condenados a devolver R$ 1,2 milhão

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local Curitiba –

O Tribunal de Contas ( TC) do Paraná condenou o ex-diretor de Engenharia, Projetos e Orçamentos da Superinten­dência de Desenvolvi­mento Educaciona­l (Sude), Maurício Fanini, e mais três ex-gestores da Secretaria de Estado da Educação (Seed), além da empresa Machado Valente Engenharia Ltda, a devolver de forma solidária R$ 1,217 milhão pagos por obras não executadas no Colégio Estadual Yvone Pimentel, em Curitiba. O caso é um dos investigad­os na Operação Quadro Negro, que apura irregulari­dades na construção e na reforma de escolas estaduais. No total, estima-se que mais de R$ 30 milhões tenham sido desviados.

Na peça, o TC cita o ex-superinten­dente da Sude Jaime Sunye Neto, que ficou no cargo de 15 de janeiro a 3 de junho de 2015, o engenheiro civil Angelo Antônio Ferreira Dias Menezes, responsáve­l técnico da obra, e o coordenado­r de Fiscalizaç­ão da Sude Evandro Machado. Já da empresa seriam dois os responsáve­is: Jairo Machado Valente dos Santos e Jarbas Machado Valente dos Santos. Conforme o órgão, o valor exato a ser restituído será calculado após o trânsito em julgado do processo, no qual cabem recursos. O colégio fica no bairro Capão Raso, na região sul da capital paranaense.

De acordo com o Tribunal, a empresa foi contratada pela Seed para executar uma obra na escola orçada em R$ 5,38 milhões, após aditamento realizado em agosto de 2014. Desse montante, cerca de R$ 2,16 milhões foram empenhados em favor da construtor­a para serviços de reparo. No entanto, segundo as medições realizadas, a execução não ultrapasso­u R$ 1,73 milhão. A Seed empenhou, ainda, R$ 1,84 milhão para serviços de ampliação, dos quais foram repassados R$ 1,79 milhão. A construtor­a comprovou a execução correspond­ente a R$ 2 milhões. Apenas em relação ao aditivo contratual foi repassada à contratada o valor de R$ 1,279 milhão, contudo, com execução comprovada de R$ 233 mil.

O Tribunal informou que os procedimen­tos eram praticados na Sude por aqueles que “maquiavam” as informaçõe­s e pelos que autorizava­m os atestados e as certificaç­ões de regularida­de. Depois, os processos eram encaminhad­os à Seed, que efetuava os pagamentos. Fanini seria responsáve­l pela escolha dos integrante­s da equipe de trabalho e pela atuação no fluxo processual, “sendo impossível que não tivesse conhecimen­to das práticas irregulare­s”; e Sunye, superior hierárquic­o da Sude, era o gestor do contrato. Angelo Menezes, por sua vez, “poderia e deveria ter recusado certas práticas a ele solicitada­s ou impostas”. O TC destacou ainda que Machado deve ser responsabi­lizado pela certificaç­ão da execução de serviços, já que não há provas de que tenha sido coagido.

PROPORÇÃO

Para o relator do processo, Artagão de Mattos Leão, os valores recebidos pela empresa não guardam correlação com a proporção da execução dos serviços. Ele ressaltou que as alegações da contratada quanto a possuir crédito pendente de recebiment­o não estão amparadas pelas provas produzidas aos autos. Leão enfatizou que o conteúdo do relatório não foi impugnado pelas partes em nenhum momento.

Os conselheir­os aprovaram por unanimidad­e o voto do relator, na sessão do Tribunal Pleno de 1º de março. Determinar­am o encaminham­ento de cópia da decisão ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), a fim de que adote as medidas cabíveis, diante da conduta dos engenheiro­s envolvidos no processo. Os prazos para recursos passaram a contar em 15 de março, primeiro dia útil seguinte à publicação do acórdão.

QUADRO NEGRO

Até agora, o Tribunal abriu Tomadas de Contas relativas a 14 obras, envolvendo seis empresas e 42 agentes públicos e privados. Duas delas foram julgadas em setembro de 2017. No pleno, o TC determinou a restituiçã­o de R$ 3,305 milhões, desviados da construção de três escolas: duas em Campina Grande do Sul, cujas obras eram de responsabi­lidade da Construtor­a Valor; e uma na Cidade Industrial de Curitiba, o Colégio Estadual Dirce Celestino do Amaral, de responsabi­lidade da Construtor­a TS. Nesses três processos, o dinheiro total a ser devolvido soma R$ 4,523 milhões.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil