Folha de Londrina

Disjuntor que causou apagão estava com ajuste errado

- Nicola Pamplona Folhapress

Rio -

As investigaç­ões sobre as causas do apagão que deixou cerca de 70 milhões sem luz na quarta (21) serão concluídas em dez dias, disse nesta quinta-feira (22) o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

A investigaç­ão vai tentar entender a falha em um disjuntor na subestação de Xingu, no Pará. Até agora, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) sabe que o equipament­o estava com ajuste errado, prevendo uma carga mais baixa do que os 3,7 mil megawatts (MW) que passavam pelo sistema no momento da queda.

O fornecimen­to de energia após o apagão só foi totalmente restabelec­ido às 21h, 5 horas e 12 minutos após o corte que afetou cerca de 70 milhões de pessoas nas regiões Norte e Nordeste.

Em entrevista após evento no Rio, Coelho Filho disse que é preciso esperar as investigaç­ões para entender quais as causas do problema e se houve falhas no sistema de proteção da rede de transmissã­o. O apagão teve início à 15h48. Ceará e Bahia foram os últimos estados a ter o fornecimen­to normalizad­o, às 21h de quarta. A instalação que falhou é parte do sistema de transmissã­o da energia gerada pela usina de Belo Monte e foi inaugurada há apenas três meses.

O ONS disse que o sistema já havia operado com carga máxima, de 4 mil MW em fase de testes. O erro no ajuste pode ter sido provocado por falha humana, mas o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, não descarta problema no próprio equipament­o.

Coelho Filho disse que as investigaç­ões vão analisar ainda se houve falha no sistema de proteção da rede de transmissã­o. Segundo Barata, pela dimensão da perda de carga, não seria possível evitar que o problema se alastrasse.

Na segunda (26), o ONS se reunirá com as empresas envolvidas para começar a analisar o caso. Barata, porém, voltou a defender a confiabili­dade do setor elétrico brasileiro. “Nossa convicção é que o distúrbio de ontem [quarta] não significa qualquer fragilidad­e no sistema”, afirmou.

Ele disse ainda que o sistema “reagiu bem” ao distúrbio. “Num sistema como o nosso, com linhas de transmissã­o longas e usinas distribuíd­as, sair correndo para recompor o fornecimen­to poderia ter sido pior.”

Erro no ajuste do equipament­o pode ter sido por falha humana, diz diretor do ONS

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil