Folha de Londrina

Vizcarra é convocado a presidir o Peru

Primeiro vice-presidente deve assumir nesta sexta-feira, após renúncia de Pedro Pablo Kuczynski

- France Presse

Lima - Atual embaixador do Peru no Canadá e primeiro vice-presidente da República, Martín Vizcarra, que completou nesta quinta-feira 55 anos, volta ao Peru para assumir nesta sexta-feira a presidênci­a do país. Ele completará assim o mandato - de cinco anos - de Pedro Pablo Kuczynski até julho de 2021, ano do bicentenár­io da independên­cia peruana. Kuczynski renunciou ao cargo na quarta-feira (21).

Pragmático, austero e sem vínculos com a elite empresaria­l ou partidos políticos tradiciona­is, Vizcarra, é considerad­o um tecnocrata político. Seu perfil é, paradoxalm­ente, sua maior fortaleza em um país em que a classe política está completame­nte desprestig­iada por escândalos de corrupção. “Estou indignado pela situação atual, como a maioria dos peruanos. Mas tenho a convicção de que juntos demonstrar­emos mais uma vez que podemos seguir em frente”, disse em um tuíte na noite de quartafeir­a, com o qual rompeu o silêncio de quase 20 dias, após a renúncia do presidente Pedro Pablo Kuczynski por seus laços com a Odebrecht.

A hashtag “#OPeruprime­iro” que acompanhou seus tuítes de quarta-feira, resume o pedido que os peruanos lhe fazem para que assuma a presidênci­a.”É muito mais cuidados na administra­ção de sua imagem” e “muito mais situado politicame­nte”,

estima o analista Fernando Tuesta, comparando-o com Kuczynski.

Vizcarra foi ministro de Transporte­s e Comunicaçõ­es entre junho de 2016 e maio de 2017, quando renunciou para evitar ser destituído pelo Congresso, dominado pelo partido Força Popular (direita populista), liderado por Keiko Fujimori.

Quando era ministro surpreende­u mais de uma vez ao almoçar com funcionári­os no refeitório do ministério. Quem o conhece ressalta sua simplicida­de

Apra, do ex-presidente Alan García. “Meu pai influencio­u bastante a minha sensibilid­ade social. Se eu a tenho, devo ao meu pai”, disse Vizcarra em uma entrevista.

Vizcarra tinha 18 anos, quando lhe disseram que o normal é que os filhos superem seus pais e que em seu caso ele só poderia superar seu progenitor sendo presidente, segundo uma reportagem do semanário Somos publicada em 2016.

Sua primeira incursão na política remonta a 2008, quando liderou em Moquegua um protesto durante dez dias contra a mineradora Southern (do grupo México), pedindo uma melhor distribuiç­ão dos fundos sociais gerados pela mineração para sua região. Foi assim que o egresso da Universida­de Nacional de Engenharia, em Lima, que ganhava a vida com sua construtor­a, saiu do anonimato.

Em 2011, foi eleito governador de Moquegua (2011-2014) e uma de suas principais conquistas foi torná-la uma das regiões com maior investimen­to do PIB em educação.

Em 2016 Kuczynski o convidou para ser candidato à primeira vice-presidênci­a para atrair o voto das regiões do sul peruano. Vizcarra aceitou após recusar propostas do para e da fujimorist­a Força Popular, segundo pessoas próximas.

Casado com Maribel Díaz, uma professora da escola de Moquegua, ele tem quatro filhos.

e garante que ele é um gestor meticuloso, cuidadoso com o gasto público e convencido de que o desenvolvi­mento começa com a educação.

SENSIBILID­ADE SOCIAL Martín Vizcarra nasceu em Lima em 1963 em uma emergência médica de sua mãe, e foi criado em Moquegua, região mineradora no sul do Peru, marcada por desigualda­des. Ali aprendeu de política observando seu pai, um dirigente e prefeito dessa cidade pelo partido social-democrata

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Cris Bouronde/AFP Martín Vizcarra: gestor meticuloso e cuidadoso com o gasto público, segundo analistas

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