Folha de Londrina

Contratos caindo, novas estratégia­s surgindo

-

Números do próprio MEC apontam que o número de contratos via Fies já vinha caindo desde 2014, ano recorde de 731,3 mil contratos pelo programa. Aquele foi o último ano em que o Fies financiava 100% do valor do curso. Só para se ter uma ideia, no ano seguinte, o valor despencou para 252,4 mil contratos, uma retração de 65,4%. Agora, com as novas alterações no programa, a tendência que os valores caiam ainda mais. Momento das universida­des criarem novas estratégia­s.

O Centro Universitá­rio Opet, de Curitiba, tem em torno de seis mil alunos entre cursos presenciai­s e à distância. De acordo com o reitor Gilberto Zluhan, 20% desses alunos têm contratos via Fies. “Nós já sentimos a mudança com a criação das novas modalidade­s, sendo uma delas com taxa de juros mais elevada (6,5%), o número de capitações foi muito baixo, em torno de 2%. Outra situação é que o governo mudou o site do programa, o que gerou uma dificuldad­e para os alunos conseguire­m informaçõe­s claras sobre ele.”

Com isso, a expectativ­a de Zluhan é que nos próximos anos os outros modelos para crédito educativo sejam incrementa­dos, principalm­ente o interno, chamado FicOpet, realizado com recursos próprios, com concessão de até 50% na mensalidad­e, dependendo de cada caso. “Hoje o nosso limite para financiame­nto próprio é entre 3% e 5% dos alunos, enquanto o Pravaler, por exemplo, em torno de 2% a 3%. Projetamos que com essa mudança do Fies, esse tipo de financiame­nto possa chegar a 10% para cada modalidade. Os alunos precisam de financiame­nto e precisamos buscar novas alternativ­as, cabe a instituiçã­o criar estratégia­s.”

Em Curitiba, o reitor da Universida­de Positivo, José Pio Martins, relata que a instituiçã­o tem 25 mil alunos, entre cursos presenciai­s e a distância. Até o início de 2017, 28% dos alunos da instituiçã­o faziam parte do Fies. A partir desse ano, a universida­de não aderiu ao programa, devido às dificuldad­es criadas pelo MEC, principalm­ente a responsabi­lidade de pagamento em caso de inadimplên­cia. “A verdade é que qualquer um que tenha conhecimen­to de macroecono­mia sabia que o programa não iria se sustentar com o tempo. O número de vagas era enorme, juros de 3,5% e financiame­nto 100% do montante. E agora, no novo formato, as instituiçõ­es passam a responder pelas dívidasenã­oosbancos.”

Para lidar com esse novo cenário, sem Fies, a Universida­de Positivo trabalha de três formas, financiame­nto pelo Pravaler, pelo sistema cooperativ­ista Sicoob e um fundo interno, da própria instituiçã­o, chamado Programa de Crédito Estudantil Positivo. “Se a mensalidad­e é de R$ 1.000 por mês durante quatro anos, criamos uma estratégia em que o aluno paga R$ 500 por mês durante oito anos. Além disso, vale dizer que os estudantes com menor condição financeira podem ingressar na Universida­de pelo ProUni. Hoje temos 2.200 alunos que utilizam esse programa.”

 ?? Shuttestoc­k ??
Shuttestoc­k

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil