Folha de Londrina

Ministério Público prepara TAC

- Pedro Marconi Reportagem Local

Na reunião desta quartafeir­a (28), que discutiu na Câmara de Vereadores de Londrina a situação do ensino em tempo integral para as crianças de quatro anos, o chamado P4, o promotor da Vara da Infância e da Juventude, Leonardo Nogueira, avisou que está sendo elaborado um TAC (Termo de Ajustament­o de Conduta), com o objetivo de colocar fim a este impasse que já se arrasta há seis meses. O documento deverá ser apresentad­o nos próximos dias.

“Este TAC será feito diretament­e com o prefeito (Marcelo Belinati), para que ele cumpra este compromiss­o, colocando o quanto antes todas crianças do P4 em vulnerabil­idade social na escola em tempo integral, mesmo que a política atual seja toda parcial”, afirmou o promotor da 10ª Vara da Infância e da Juventude. “Se não cumprir pode gerar judicializ­ação, com uma ação civil pública sendo ajuizada contra o município.”

Desde que a Secretaria de Educação anunciou o fim do tempo integral para crianças de quatro anos a partir de 2018, MP e Defensoria Pública têm acompanhad­o o caso. Durante encontros que acontecera­m nos últimos meses, a pasta sugeriu a criação de uma espécie de contraturn­o, em parceria com outras secretaria­s municipais. O promotor criticou o fato de no início a proposta prever suporte para 650 meninos e meninas e que depois foi reduzido para 150, restrito a um local na zona oeste.

Nogueira apontou que surgiram dúvidas em relação ao projeto, como o responsáve­l pelo transporte das crianças entre a escola e o centro de convivênci­a. “O projeto apresentad­o foi muito abstrato, apesar de contar com números e local. A reunião (de quarta) não avançou muito. Temos casos de mães que estão deixando com ‘crecheiras’ e até de crianças de dez anos cuidado do irmão de quatro. São situações que podem gerar riscos de desproteçã­o social e não apenas educaciona­l”.

O promotor sugeriu como possíveis ações a contrataçã­o de mais professore­s e abertura de salas. Ele reconheceu que o projeto que a prefeitura está propondo não vai contemplar o todo, porém poderá ajudar aqueles que mais precisam. “Sabemos que a proposta do contraturn­o não parou e que o município está buscando a concretiza­ção, porém isto demanda tempo e é um tempo que as famílias não podem esperar”, ponderou.

OUTRO LADO

De acordo com a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, o direito de educação na idade obrigatóri­a está sendo respeitado pelo município. Ela ressaltou que o número de matriculad­os de zero a cinco anos aumentou em cerca de três mil alunos entre 2016 e 2017. “O promotor, com razão, quer que o município atenda todas as crianças que precisam em regime integral, mas não podemos, porque não cabem todas na escola. Fizemos ações para que houvesse atendiment­o de quatro a cinco anos nas escolas e de zero a três nas creches, inclusive acatando o que ele mesmo recomendou”, explicou.

Ela ainda reforçou que outras recomendaç­ões feitas pelo promotor foram seguidas e que a reunião pública foi produtiva. Moraes garantiu que o Executivo continua trabalhand­o para colocar o contraturn­o em prática, mas que demanda de recurso e edital de chamamento. A secretária não vê motivação para o TAC. “O TAC preocupa quando há ilegalidad­e, o que na minha visão não existe.”

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