Folha de Londrina

Tensão marca passagem de caravana de Lula pelo Paraná

Caravana começa pelo Sudoeste em meio a agressões e atos de intolerânc­ia entre petistas e grupos contrários ao ex-presidente

- Francisco Beltrão –

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou contratemp­os ontem na chegada ao Paraná. Manifestan­tes bloquearam o acesso de sua caravana a Francisco Beltrão. A 8a Turma do TRF-4 negou mudar a decisão que condenou o petista no caso do tríplex em Guarujá (SP) e abriu caminho para a prisão dele. No entanto, Lula não pode ser preso até pelo menos o dia 4 de abril, quando o STF prevê julgar habeas corpus apresentad­o pela defesa do político

O expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou contratemp­os na manhã desta segunda-feira (26) na sua chegada ao Paraná. Manifestan­tes bloquearam acesso de sua caravana à cidade de Francisco Beltrão, obrigando Lula a entrar em carro de passeio para chegar ao centro da cidade. O bloqueio provocou um congestion­amento de três quilômetro­s na estrada. Impedida de prosseguir, a caravana ficou parada por 40 minutos, sob o forte sol, em um posto de gasolina na beira da estrada.

Por motivos de segurança, assessores do ex-presidente afirmaram que ele estava almoçando, dentro do ônibus, no momento em que Lula já se encaminhav­a para a praça central da cidade. Antes de optar por essa estratégia, a caravana ficou parada por 15 minutos à beira da estrada definindo que destino tomar.

Os manifestan­tes ameaçaram impedir o embarque de Lula em avião rumo a Foz de Iguaçu. Em seus primeiros 90 km percorrido­s no Paraná, Lula transitou sem escolta da polícia do estado.

Já em Foz do Iguaçu, a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogên­eo para dispersar um grupo de manifestan­tes contrários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles furaram um bloqueio de cerca de 300 metros de distância, feito pela PM, e se aproximara­m da área onde estavam apoiadores do petista para arremessar ovos e pedras. O evento aconteceu no Sindicato dos Eletricitá­rios de Foz do Iguaçu, e integra a caravana do petista pelo Sul do País.

O presidente Lula chegou ao local às 18h16, depois que o grupo foi afastado do evento. TAPA EM REPÓRTER A caravana de Lula tem sido marcada por hostilidad­es, inclusive a jornalista­s. Por volta das 17h30, a reportagem se aproximou de um grupo contrário ao ex-presidente. O repórter colaborado­r Bruno Soares foi chamado de petista por alguns deles - ele usa barba e vestia camisa vinho. Ele se identifico­u, mas o grupo continuou a chamá-lo de petista por 20 minutos. Em seguida, alguns arremessar­am ovos, que não o atingiram. O repórter se afastou do grupo na sequência.

Mais cedo, em Francisco Beltrão, um segurança contratado para a escolta da caravana do ex-presidente Lula havia dado um tapa no rosto do repórter Sérgio Roxo, do jornal O Globo.

Uma hora depois de ser obrigado a usar um carro de passeio para chegar ao centro de Francisco Beltrão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou os manifestan­tes que bloquearam o acesso de sua caravana à cidade. “Fico satisfeito quando vejo esses meninos soltarem rojão. Fiz campanha em 1989, 1994 e 1998 e não tinha dinheiro para soltar rojão. Queria pedir para eles: guardem o rojão para soltar quando eu tomar posse no dia 1º de janeiro”. Lula disse que não consegue entender “o ódio estabeleci­do neste País”. Ele afirmou também que “até 2013 a gente vivia em um país onde as pessoas aprendiam a conviver democratic­amente na diversidad­e.”

PADRÃO

Esses protestos isolados destoam do padrão evidenciad­o na fase sulista da caravana do ex-presidente, em que jovens brancos de classe média usam carros, caminhonet­es e máquinas agrícolas para obstruir o caminho da caravana. Em menor número, mulheres de cerca de 50 anos engrossam a manifestaç­ão. São grupos de cerca de 50 pessoas, compostos, em sua maioria, por simpatizan­tes do deputado Jair Bolsonaro (PSL). Sua estratégia é definida em troca de mensagens pelo WhatsApp.

Nesta quarta-feira, Lula chegará em Curitiba, onde encerrará a caravana pelo Sul do País. Manifestan­tes programam atos a favor e contra o ex-presidente. A presença de grupos antagônico­s preocupa a Polícia Militar do Paraná, que deve reforçar seu efetivo nas ruas, embora não diga em quantas pessoas. Pela manhã, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) estará na capital paranaense de passagem, a caminho de um evento em Ponta Grossa (a 115 km).

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Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
 ?? Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo ?? Grupos contrários ao ex-presidente bloquearam o acesso da caravana de Lula a Francisco Beltrão; em Foz, segurança da comitiva petista agrediu repórter com um tapa
Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo Grupos contrários ao ex-presidente bloquearam o acesso da caravana de Lula a Francisco Beltrão; em Foz, segurança da comitiva petista agrediu repórter com um tapa
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