DESPEDIDA
“Não me arrependi nenhum minuto”, diz o tucano; pré-candidato ao Senado, ele transmite o governo para Cida no dia 6
O governador Beto Richa (PSDB) confirmou ontem que vai concorrer ao Senado nas eleições de outubro. A transmissão do cargo para a vice-governadora Cida Borghetti (PP) será em 6 de abril, último dia útil antes do prazo final para desincompatibilização. O tucano, no entanto, não quis adiantar quem vai apoiar para sua sucessão
Curitiba - O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), deu fim ontem às especulações e confirmou que disputará uma das duas cadeiras do Estado ao Senado em outubro. Em discurso de exaltação da administração, ele disse que a transmissão de cargo para a vice-governadora Cida Borghetti (PP), pré- candidata à reeleição, ocorrerá no dia 6 de abril, último dia útil antes do prazo final para desincompatibilização, que é 7 de abril. O tucano conversou com a imprensa no início da tarde, logo após a reunião com o secretariado, no Palácio Iguaçu.
Questionado sobre qual foi o momento mais difícil desses sete anos e três meses de mandato, Beto destacou o ajuste fiscal, que começou a implementar depois da reeleição, em 2014. Entre as diversas medidas impopulares adotadas estão aumento de tributos como o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), adiamento da database do funcionalismo e uma polêmica reforma na previdência dos servidores estaduais, aprovada em 29 de abril de 2015. Naquela ocasião, mais de 200 manifestantes contrários ao projeto, que protestavam em frente à Assembleia Legislativa (AL), ficaram feridos, na chamada Batalha do Centro Cívico.
“Hoje o Paraná tem uma situação privilegiadíssima no cenário nacional, a melhor situação fiscal e a melhor situação financeira. Quem colhe os frutos são todos nós, paranaenses. O Paraná é um canteiro de obras e temos grandes investimentos nos 399 municípios do Estado (...) Não me arrependo nem um minuto da decisão de fazer o ajuste fiscal. Hoje o Paraná dá exemplos ao Brasil. O Brasil inteiro reconhece as medidas certeiras, que se revelaram muito bem sucedidas”, comentou.
A possibilidade de renúncia em abril era cogitada desde que Beto foi reconduzido ao cargo. Nos últimos meses, porém, o governador vinha desconversando sobre o assunto e até mesmo cogitando finalizar o mandato e encerrar sua carreira política. Em janeiro, ele chegou a dizer que a tendência seria continuar. Se isso acontecesse, as candidaturas de seu filho Marcello Richa à AL e de seu irmão, Pepe Richa, à Câmara Federal, esta última ainda não confirmada, ficariam comprometidas, por conta da lei de nepotismo.
“Aqueles que me conhecem sabem que não tenho apego a cargo, título ou posição. Estou na política para servir. Por isso que sempre tomo decisões de disputar eleição ou não com muita serenidade e muita cautela, ouvindo opinião de muitas pessoas. Tenho sim honra de ser governador do Paraná. Não posso deixar se dizer que me sinto honrado em merecer a confiança dos paranaenses para ser governador por duas vezes, em eleições vencidas no primeiro turno. E sempre procurei retribuir essa confiança com trabalho, com dedicação e seriedade, para não decepcionar ninguém”, afirmou.
CAMINHO NATURAL
Ainda conforme o governador, a disputa do Senado é “um caminho natural”. Se não concorresse, ele também perderia o foro privilegiado, algo com o qual garante não se preocupar. “De forma alguma. Não tenho nenhum receio, tanto que estou me desincompatibilizando do cargo”. Beto falou ainda que, a princípio, é contra a prerrogativa. “Mas também, se você for acompanhar, o que tem de excesso que as pessoas cometem, o que tem de perseguição a agentes públicos e governantes, nesse aspecto seria para
impor algum limite, dentro da realidade hoje do País. Enfim, muita coia tem de ser reavaliada”, opinou.
Apesar de garantir que deixa a chefia do Executivo “em ótimas mãos”, numa referência à Cida, o governador não quis adiantar quem irá apoiar em outubro. O restante da chapa do PSDB tampouco foi definido. Além da pepista, estão
no páreo o deputado estadual Ratinho Jr. (PSD), que foi secretário de Estado na maior parte da gestão, o ex-senador Osmar Dias (PDT) e o prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho (PPS). “Será quem oferecer seguranças em relação ao Estado e que seja bom gestor público. Não quero correr o risco de o Paraná perder tudo o que foi conquistado”.