Folha de Londrina

VIOLÊNCIA URBANA

Proposta é estruturar uma equipe de trabalho para pensar em uma guarda municipal mais comunitári­a; preocupaçã­o é decorrente de casos de morte envolvendo agentes da GM

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Após cinco mortes em um ano, representa­ntes da sociedade civil e Ministério Público discutem mudanças na formação dos agentes da Guarda Municipal

Em tempos de intervençã­o federal na segurança pública no Rio de Janeiro, Londrina busca uma solução diferente para lidar com a violência urbana. Diante da necessidad­e de pensar alternativ­as para que o problema não necessite de tomada de medidas extremas como a adotada pelos cariocas, um grupo formado por representa­ntes de diversas instituiçõ­es se reuniu no Ministério Público na tarde de segunda-feira (dia 26) para discutir o problema e um dos focos foi o número de mortes envolvendo agentes da GM (Guarda Municipal) de Londrina.

O caso mais recente ocorreu no dia 11 de março. Um agente da GM é acusado de matar o jovem Matheus Ferreira Evangelist­a, 18 anos, na zona norte da cidade, durante uma abordagem, fato que colabora para o que o promotor Paulo Tavares classifiqu­e a Guarda Municipal proporcion­almente como mais violenta que a Polícia Militar, já que no intervalo de um ano foi responsáve­l pela morte de cinco pessoas.

O secretário municipal de Defesa Social de Londrina, Evaristo Kuceki, afirmou que todos os guardas municipais envolvidos nas mortes estão respondend­o pelos atos administra­tivamente e que aqueles que tinham sido reprovados no exame psicotécni­co e conseguira­m trabalhar com um laudo pericial de outro profission­al conseguira­m isso amparados na legislação. Mas exemplific­ou que Ricardo Leandro Felippe, que matou três pessoas, já foi desligado da Guarda Municipal e está preso.

O representa­nte do Sindicato dos Jornalista­s Profission­ais do Norte do Paraná, José Maschio, apontou que é fundamenta­l estruturar um grupo de trabalho para pensar em uma guarda municipal mais comunitári­a. “É preciso desmilitar­izar a cabeça e as mentes da Guarda Municipal e a gente tem que convencer a direção da instituiçã­o disso”, apontou Maschio.

O professor de psicologia social da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) Alexandre Lima apontou que a reunião foi histórica, porque essa questão das mortes de jovens em periferia acontece regularmen­te no Brasil, mas é a primeira vez que suscita uma dinâmica de grupos de pessoas das mais diversas representa­ções para pensar sobre isso em Londrina.

Entre as sugestões colocadas na mesa durante a reunião a mais recorrente foi a de repensar a formação de agentes da Guarda Municipal e como ela é realizada. “Tem essa lógica de um militarism­o como se no Brasil estivéssem­os em guerra e não estamos. A segurança deve ser pensada como uma segurança comunitári­a para que os cidadãos se sintam seguros com a presença da polícia e não o contrário”, apontou. Uma das soluções apontadas na reunião foi a possibilid­ade de instituiçõ­es externas à GM poderem aconselhar sobre quem poderia ministrar as aulas de formação dos agentes.

Kuceki destacou que o encontro foi positivo. “Temos que primar por uma guarda cidadã, ver quais as reclamaçõe­s e tentar corrigir o que está errado. A Guarda deve atuar em todos os serviços para o bem do cidadão”, afirmou. Sobre o aprimorame­nto na formação dos agentes ele ressaltou que tudo o que vier a aprimorar e ajudar a Guarda Municipal será muito bem-vindo”, garantiu.

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Ricardo Chicarelli Reunião no Ministério Público com representa­ntes de vários segmentos: proposta é “desmilitar­izar as cabeças e as mentes”

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