Folha de Londrina

TRF-4 nega último recurso na segunda instância

- José Marques Folhapress

Porto Alegre - A 8ª turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou, nesta segunda-feira (26), mudar a decisão que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso tríplex e abriu caminho para a determinaç­ão da prisão do petista. No entanto, Lula não pode ser preso até pelo menos o dia 4 de abril, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) prevê julgar habeas corpus apresentad­o pelos advogados do ex-presidente. Até lá, uma decisão liminar impede que ele seja preso.

Ao ler o seu voto, o relator João Pedro Gebran Neto afirmou que manteve o mérito da decisão que condenou Lula. Gebran disse que, em seu voto, tratou em todos os pontos questionad­os pela defesa de Lula. Afirmou que não houve omissões ou obscuridad­es na sentença. Ele foi seguido pelos juízes Leandro Paulsen e Victor Laus.

Caso o Supremo decida de forma contrária ao habeas corpus, cabe ao juiz Sergio Moro executar a prisão de Lula. Desde agosto do ano passado, ele já tem determinad­o a prisão de réus da Lava Jato cujos recursos em segunda instância se esgotaram. Os juízes federais da 8ª turma do TRF-4, João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus, já haviam afirmado que o petista deveria começar a cumprir a pena após a condenação na segunda instância.

Lula havia apresentad­o os recursos, chamados embargos de declaração, no dia 20 de fevereiro, quase um mês depois de ter a pena aumentada para 12 anos e um mês pelos juízes. Em primeira instância, ele já havia sido condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Em teoria, os embargos de declaração pedem, apenas, esclarecim­entos sobre a sentença, não podendo reverter a condenação - mas a defesa enviou ao tribunal 175 páginas que contestava­m a decisão. Com a decisão contrária, a defesa ainda pode apresentar recursos ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF. Esses recursos são encaminhad­os, primeiro, ao próprio TRF-4, que decide se irá remetê-los aos tribunais superiores.

Na ação, Lula foi acusado pelo Ministério Público Federal de receber da construtor­a OAS um tríplex reformado em Guarujá (SP) como propina de parte de um acerto da empreiteir­a com o PT em contratos com a Petrobras. Ao votar para elevar a pena de Lula, em janeiro, o juiz Paulsen disse que levou em conta o fato de o petista ter ocupado o mais alto cargo do país. “É um elemento importantí­ssimo”, disse o magistrado. “A prática de crimes no exercício do cargo ou em função dela é algo incompatív­el.” Ele afirmou que a participaç­ão de Lula em desvios na Petrobras é “inequívoca”.

Liminar impede que Lula seja preso até STF julgar habeas corpus

DEFESA

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira, 26, em nota, que aguardará a publicação do acórdão relativo ao julgamento dos embargos de declaração para definir o recurso que será interposto para impugnar a condenação imposta pela 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região ( TRF-4).

Martins afirmou na nota que a condenação de Lula foi ilegal. O advogado disse também que foi feita a leitura apenas de um resumo do voto pelo desembarga­dor-relator, que foi acompanhad­o pelos demais julgadores. Martins disse que os embargos de declaração haviam apontado dezenas de omissões e contradiçõ­es no julgamento da apelação que deveriam ser corrigidas e, como consequênc­ia, poderiam levar ao reconhecim­ento da nulidade do processo ou à absolvição do ex-presidente.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil