Folha de Londrina

Familiares se despedem de vítimas de atropelame­nto

Mariana de Oliveira Soares e Domingos dos Santos estavam em um ponto de ônibus, na zona oeste de Londrina, quando foram atingidos por um carro na manhã de domingo (25)

- Geral@folhadelon­drina.com.br Micaela Orikasa Reportagem Local

Os corpos de Domingos dos Santos, 55, e Mariana de Oliveira Soares, 66, foram sepultados nesta segunda-feira (26), no final da manhã, nos cemitérios Jardim da Saudade e Parque das Allamandas. Na despedida, familiares das vítimas pareciam não acreditar no ocorrido.

“Ele era especial. Não tinha nenhum vício, adorava ficar em casa. Só saía para trabalhar e ir à igreja”, comentou Sebastiana Mario Bueno, 56, viúva de Santos. Tanto ele quanto Soares, que era dona de casa, eram conhecidos pelo bairro. “Minha mãe era uma pessoa que nunca dizia ‘não’ para ninguém. Era sempre muito ativa, comunicati­va e pronta a ajudar”, disse a filha Daiane de Oliveira Soares.

Era domingo (25), 7h da manhã, quando Santos e Soares foram atingidos em um ponto de ônibus, na rua Ginástica Olímpica, no Jardim Olímpico (zona oeste). O veículo conduzido por um rapaz de 23 anos, na companhia da namorada, 27, perdeu o controle, se chocou contra a raiz de uma árvore e avançou sobre a estrutura.

Soares foi arremessad­a a alguns metros e morreu na hora. Santos ficou embaixo do ponto de ônibus, chegou a ser socorrido e encaminhad­o ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. A jovem que estava no veículo foi levada ao HU (Hospital Universitá­rio), mas teve alta na manhã de segunda-feira (26), de acordo com a assessoria de comunicaçã­o do hospital. O condutor nada sofreu. Submetido ao teste de bafômetro, não foi detectado álcool em seu organismo.

MAL SÚBITO

Segundo o delegado que estava de plantão, Edgard Soriani, o depoimento da jo- vem, assim como eventuais testemunha­s e familiares das vítimas serão importante­s no processo. “Vamos verificar se houve alguma imagem de câmera registrada e aguardar o laudo pericial, que envolve exames de sangue do condutor, além do veículo”, comentou.

O processo será repassado à Delegacia de Trânsito. Ainda de acordo com Soriani, o condutor alegou ter tido um mal súbito enquanto dirigia. “Vamos ter que saber o motivo disso. Informalme­nte, a namorada que estava no veículo disse a um dos policiais que diante do desmaio do namorado, tentou controlar o veículo, mas não conseguiu”, ressaltou.

Um morador do bairro, que pediu para não ser identifica­do, disse que prestou o primeiro atendiment­o à Santos. Ele varria a rua no momento do atropelame­nto. “O carro passou por cima do ponto de ônibus. Fui correndo para lá. O Domingos estava consciente, conversand­o. Ele disse que não deveria estar ali, que era para estar trabalhand­o e pediu para eu socorrê-lo porque ele estava com gosto ruim na boca”, conta, com as mãos trêmulas.

TRABALHO E IGREJA

Santos nasceu em Londrina e morava no bairro há 14 anos, com a esposa. O casal não teve filhos, mas vivia com três cachorros, aos quais ele dedicava tempo, amor e dinheiro. “Há poucos dias ele gastou muito dinheiro com vacinas e remédios. Ele não podia ver um bichinho abandonado porque queria cuidar e trazer para casa. Dizia que não gostava de injustiça”, lembrou a esposa.

Filho do meio de oito irmãos, Santos sempre prezou pelo modo simples de viver, encontrand­o prazer em trabalhar e ir à igreja. “Ele era exemplar como marido e homem. Cuidava da mulher como poucos fazem, era um apaixonado pelo trabalho e estava animado com a reforma da casa. Ia entrar em férias no mês que vem para terminar a obra”, lamentou a irmã Adelina dos Santos.

No dia do acidente, ele estava indo trabalhar em um shopping, onde há seis anos executava serviços de limpeza. Soares que também estava no ponto de ônibus, ia cumprir uma jornada de trabalho, só que voluntário.

Ela aguardava o ônibus para ir à Casa Acolhedora, um espaço de eventos da igreja, que fica no Parque Universitá­rio. “Ela ia toda semana à igreja. Não faltava a nenhum evento. No domingo, ela não foi à procissão porque estava com o pé machucado e por isso resolveu ajudar na cozinha. Ela era nosso porto seguro, nossa referência”, comentou a filha Daiane.

Soares nasceu em Berilo (MG), mas veio na década de 1980 para Londrina. Ela criou sozinha os cinco filhos. “Ela trabalhou anos como doméstica para nos criar. Minha mãe era muito dedicada”, acrescento­u o filho Jairo.

O carro passou por cima do ponto de ônibus. Fui correndo para lá.”

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Saulo Ohara Ponto de ônibus onde ocorreu atropelame­nto fica em frente à casa de uma das vítimas: veículo descontrol­ado bateu na raiz de uma árvore e avançou sobre a estrutura
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