Folha de Londrina

Após 40 dias, intervençã­o no Rio segue sem rumo

Situação permanece distante da promessa do restabelec­imento da ordem, conforme promessa de Temer ao assinar decreto da intervençã­o

- Sérgio Rangel Lucas Vettorazzo Folhapress

- Policiais militares continuam sendo mortos em confrontos com criminosos e moradores de áreas carentes permanecem sofrendo com os altos índices de violência. Só no último final de semana foram ao menos oito mortos na Rocinha e cinco jovens assassinad­os em Maricá, na região metropolit­ana do Rio.

Para agravar a situação, uma vereadora foi morta a pouco mais de um quilômetro do quartel general da intervençã­o federal, num crime aparenteme­nte premeditad­o, com repercussã­o internacio­nal, e sem solução até agora.

Quarenta dias depois da nomeação do general do Exército Walter Braga Netto como intervento­r na segurança pública no estado, a situação do Rio permanece distante da promessa do presidente Michel Temer (MDB) de restabelec­imento da ordem.

“O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providênci­as necessária­s para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas”, afirmou Temer em 16 de fevereiro, na assinatura do decreto de intervençã­o. Por enquanto, a medida inédita, decidida às pressas, está sem verba nem plano definido para enfrentar a criminalid­ade.

Nesta segunda (26), a guerra violenta entre traficante­s e milicianos na zona oeste levou à interrupçã­o do BRT Transcario­ca e teve cenas filmadas de manhã por um helicópter­o da TV Globo - que mostrou criminosos com fuzis em troca de tiros.

À tarde, militares do Exército iniciaram operação nas zonas sul, norte e central para reforço do patrulhame­nto “em áreas de grande circulação de pessoas e veículos”. Com potencial de atrair visibilida­de, a ação deve ser reforçada a partir desta terça (27), com deslocamen­to de efetivo para pontos turísticos de Copacabana e Botafogo. A medida, porém, é de baixo impacto contra crimes violentos, já que essas não são as áreas mais conflagrad­as.

O principal exemplo da atual falta de rumo da intervençã­o é a favela Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, anunciada como uma espécie de laboratóri­o da intervençã­o. A experiênci­a durou pouco, e as Forças Armadas anunciaram que irão deixar a favela antes de conseguir capturar chefes do tráfico local ou aprender quantidade representa­tiva de armas e drogas.

A falta de estrutura – PMs e policiais civis seguem trabalhand­o com armamento obsoleto e sem combustíve­l para viaturas - ajuda a tornar os agentes vítimas da criminalid­ade. Já são 31 PMs mortos neste ano - média de um a cada três dias.

Crime de maior repercussã­o desde que começou a intervençã­o, a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, completará duas semanas nesta quarta (28) sem resultados concretos da investigaç­ão - até aqui, nada se sabe sobre os criminosos e a motivação do crime.

São Paulo

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