Após 40 dias, intervenção no Rio segue sem rumo
Situação permanece distante da promessa do restabelecimento da ordem, conforme promessa de Temer ao assinar decreto da intervenção
- Policiais militares continuam sendo mortos em confrontos com criminosos e moradores de áreas carentes permanecem sofrendo com os altos índices de violência. Só no último final de semana foram ao menos oito mortos na Rocinha e cinco jovens assassinados em Maricá, na região metropolitana do Rio.
Para agravar a situação, uma vereadora foi morta a pouco mais de um quilômetro do quartel general da intervenção federal, num crime aparentemente premeditado, com repercussão internacional, e sem solução até agora.
Quarenta dias depois da nomeação do general do Exército Walter Braga Netto como interventor na segurança pública no estado, a situação do Rio permanece distante da promessa do presidente Michel Temer (MDB) de restabelecimento da ordem.
“O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas”, afirmou Temer em 16 de fevereiro, na assinatura do decreto de intervenção. Por enquanto, a medida inédita, decidida às pressas, está sem verba nem plano definido para enfrentar a criminalidade.
Nesta segunda (26), a guerra violenta entre traficantes e milicianos na zona oeste levou à interrupção do BRT Transcarioca e teve cenas filmadas de manhã por um helicóptero da TV Globo - que mostrou criminosos com fuzis em troca de tiros.
À tarde, militares do Exército iniciaram operação nas zonas sul, norte e central para reforço do patrulhamento “em áreas de grande circulação de pessoas e veículos”. Com potencial de atrair visibilidade, a ação deve ser reforçada a partir desta terça (27), com deslocamento de efetivo para pontos turísticos de Copacabana e Botafogo. A medida, porém, é de baixo impacto contra crimes violentos, já que essas não são as áreas mais conflagradas.
O principal exemplo da atual falta de rumo da intervenção é a favela Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, anunciada como uma espécie de laboratório da intervenção. A experiência durou pouco, e as Forças Armadas anunciaram que irão deixar a favela antes de conseguir capturar chefes do tráfico local ou aprender quantidade representativa de armas e drogas.
A falta de estrutura – PMs e policiais civis seguem trabalhando com armamento obsoleto e sem combustível para viaturas - ajuda a tornar os agentes vítimas da criminalidade. Já são 31 PMs mortos neste ano - média de um a cada três dias.
Crime de maior repercussão desde que começou a intervenção, a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, completará duas semanas nesta quarta (28) sem resultados concretos da investigação - até aqui, nada se sabe sobre os criminosos e a motivação do crime.
São Paulo