Folha de Londrina

De luto, Rússia homenageia mortos em incêndio

Sessenta e quatro pessoas morreram, 52 ficaram feridas e ainda há 16 desapareci­dos, vítimas de incêndio em shopping na Sibéria

- Fábio Aleixo Folhapress Moscou, Rússia

- A Rússia acordou de luto nesta segunda-feira (26) e assim viveu o dia que sucedeu um dos maiores incêndios do país desde o fim da União Soviética, em 1991. Os russos choraram, rezaram e fizeram um minuto de silêncio pelos 64 mortos - segundo números oficiais das autoridade­s - no domingo (25) em um incêndio em um shopping na cidade de Kemerovo, na Sibéria, localizada a cerca de 3.600 quilômetro­s da capital Moscou. Ficaram feridas 52 pessoas, sendo que 13 estão em hospitais e ainda há 16 desapareci­das.

O fogo começou no andar superior e se espalhou pelo shopping “Cereja do Inverno”. Segundo relatos, as portas de emergência não abriram, o que impossibil­itou a fuga das vítimas. O alarme de incêndio também não teria tocado. Muitas pessoas morreram queimadas, outras por inalação de fumaça. Havia muitas crianças no local. O teto de duas salas de cinema desabou.

Em entrevista ao site russo Meduza, um homem contou que suas três filhas estavam no shopping e acabaram sendo vítimas. As 64 mortes ficam apenas atrás das 156 registrada­s em um incêndio em 2009 em uma discoteca na cidade de Perm. Uma investigaç­ão já está em curso para se apurar as causas e culpados. Quatro pessoas que trabalhava­m no local já foram interrogad­as.

O presidente Vladimir Putin se manifestou logo após a tragédia, expressou condolênci­as e cobrou respostas rápidas. Em comunicado, a Comissão Investigat­iva da Rússia, o órgão estatal que investiga grandes crimes no país, também disse que havia diversas irregulari­dades sérias na construção e uso do shopping.

A comissária de direitos das crianças da Rússia, Anna Kuznetsova, disse que o incêndio foi causado por incompetên­cia, e advertiu que há muitos shoppings em situação semelhante no país. “Outras regiões, os donos de outros shoppings precisam agora, sem esperar por verificaçõ­es de rotina, se perguntar: ‘Nós fizemos tudo que podemos para garantir que algo assim não aconteça aqui?”, disse Kuznetsova em comunicado.

Vídeos do incêndio e de pessoas se jogando de janelas tentando se salvar circularam em redes sociais e nas TVs russas e causaram comoção. No centro da capital Moscou, o escritório de representa­ção de Kemerovo virou um lugar de homenagens às vítimas. Uma espécie de altar foi criado, com flores, velas e animais de pelúcia sendo depositado­s ao longo de todo o dia.

A reportagem esteve no local e em cerca de 30 minutos foram mais de 50 as pessoas que passaram para prestar homenagens. Crianças, jovens, adultos e idosos. Todos paravam por alguns segundos para um momento de prece.

O julgamento de um homicídio ocorrido em Londrina há quase 18 anos, finalmente foi realizado na semana passada. Em outubro de 2000, a professora de música Maria Estela Correa Pacheco foi morta e teve o corpo jogado do 12º andar de um edifício no centro da cidade, onde estava com o namorado, o pecuarista Mauro Janene Costa.

Laudo do Instituto Médico Legal atestou, na época, que Estela já estava morta quando foi atirada da sacada do prédio. O inquérito sobre o caso só foi concluído cinco meses depois – em março de 2001 – e apontou o pecuarista como autor do homicídio. Ele também foi indiciado por alterar a cena do crime e por porte de maconha.

Em 2008 a Justiça determinou que o acusado deveria ira O primeiro julgamento, marcado para maio de 2011, foi adiado. De lá para cá, o caso se arrastou com manobras da defesa do acusado que levaram a sucessivos adiamentos de audiências e de júri. Em dezembro de 2014, familiares da professora tendo a frente a filha dela, a jornalista e advogada Laila Menechino, lançaram o movimento Justiça para Estela.

Em março de 2017, o Tribunal de Justiça do Paraná determinou o do júri, aceitando pedido da defesa, sob o argumento de que o movimento poderia influencia­r no julgamento, se o mesmo ocorresse em Londrina. Finalmente, na última quinta-feira (22) Mauro Janene Costa foi julgado no Fórum de Ponta Grossa. Após quase 15 horas, o júri o considerou culpado por homicídio. A pena aplicada pelo juiz foi de 11 anos de prisão em regime fechado. No entanto, o réu não saiu preso do tribunal e poderá recorrer da sentença em liberdade.

júri popular. desaforame­nto

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STR/AFP O escritório de representa­ção de Kemerovo, em Moscou, virou um lugar de homenagens: flores, velas e bichos de pelúcia
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Gustavo Carneiro

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