Aumentam os pontos de alagamento
Defesa Civil de Londrina contabiliza 24 locais com alta frequência do problema; estatísticas confirmam o que a população tem vivenciado
No período de chuvas mais intensas em 2014, que são os três primeiros e os três últimos meses do ano, a Defesa Civil em Londrina não registrou nenhuma ocorrência de alagamento no município. No ano seguinte, foram dois registros e, entre outubro de 2017 e março de 2018, o número de atendimentos já soma 31. Somente em 2017, foram identificados 11 novos pontos de alagamento na cidade e eles já somam 24 locais com alta frequência do problema. As estatísticas do órgão de proteção confirmam o que a população londrinense tem vivenciado. Basta uma chuva mais forte para que muitas vias da cidade fiquem intransitáveis e a água e a lama invadam residências, danificando móveis e causando muito transtorno aos moradores.
Os alagamentos têm se tornado mais constantes nos últimos anos e os principais fatores apontados são o aumento das áreas de imper- meabilização urbana e as mudanças climáticas, que interferem na forma de distribuição das chuvas, com um volume de água maior em um curto período de tempo. Segundo a Defesa Civil, os pontos onde há mais registros de alagamento são a avenida Dez de Dezembro, próximo ao 4º Distrito Policial e à avenida Portugal; nas ruas Goiás, Alagoas, Professor João Cândido e Bahia, na região central; a avenida Celso Garcia Cid, próximo à Viação Garcia; e no entorno dos lagos Igapó 1, 2 e 3.
“As regiões central e sul são onde ocorre o maior problema. E a zona sul é muito ampla. Vai desde a avenida Inglaterra, passando pelo conjunto Cafezal, até a Gleba Palhano”, disse o coordenador adjunto da Defesa Civil em Londrina, Demerval Anderson do Carmo. “No centro, são pontos em que, há tempos atrás, a água fluía e não aconteciam grandes alagamentos. Hoje são pontos de alagamento frequente.”
Na rua Professor Joaquim de Matos Barreto, próximo ao aterro do Lago Igapó, os alagamentos têm ocorrido com certa constância, impedindo o tráfego de veículos e ameaçando os moradores daquela região. “Ali a água desce da avenida Ayrton Senna e há o entroncamento dos córregos Cambezinho e Novo Mundo. Não há vazão mais porque o Igapó não comporta toda a água que corre para lá, está assoreado”, observou Carmo. “E perto da barragem, com pouca chuva a pista de caminhada já alaga. Há dois, três anos não era assim.”
O mecânico Dorival Cruz mora na rua Alemanha, no Jardim Igapó, e mostra a chapa de aço que foi colocada em seu portão para evitar que a água da chuva que desce com força pela rua Polônia invada o quintal dele e cause estragos. “As bocas de lobo não suportam o volume de água e a tubulação está fora de nível. A água passa por cima. Nessa faixa aqui da rua (cerca de 100 metros), todos os moradores já tiveram problema com a chuva e tiveram que colocar um bloqueio no portão, para impedir que a água entre em casa. Eu tive autorização da Sanepar para colocar uma tubulação de 20 centímetros no meu quintal e escoar a água”, contou o mecânico, que mora no esmo local há 30 anos.
A água que passa pela rua onde fica a casa do mecânico só não faz mais estragos porque no caminho encontra uma viela. É por ali que a água desce até a avenida Portugal, mas se evita maiores danos a Cruz e seus vizinhos, inviabiliza o tráfego de veículos na avenida Dez de Dezembro, uma das vias mais importantes da cidade, que dá acesso à PR-445. “A água que vem da viela cobre a calçada, mas não chega a entrar em casa porque como aqui é uma descida, vai parar no meio da Dez de Dezembro. Lá sim fica muito ruim e os carros acabam desviando para a minha rua (avenida Portugal)”, contou a aposentada Sebastiana Ferreira de Oliveira.
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