Folha de Londrina

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O cineasta Rodrigo Grota fala da vida escolar, dos livros e do desejo de fazer filmes

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Rodrigo Grota, nascido no ano de 1979 em Marília, veio para Londrina em 1997 para estudar Jornalismo na UEL (Universida­de Estadual de Londrina). Seu primeiro set foi na sua cidade natal, em julho de 1996, aos 16 anos, como assistente de direção no curta-metragem “Pé de Veludo”, de Edu Reginato. Entre as principais conquistas no Cinema estão 13 premiações no Festival de Gramado (pelos curtas que integram a Trilogia do Esquecimen­to), o Don Quixote Award (para o curta Haruo Ohara), além de premiações em festivais nos EUA, Holanda e México para o longa “Leste Oeste.” Entre os principais trabalhos infantis realizados estão as séries “Brincando com a Ciência”, como roteirista, e “Super Família”, como diretor.

Brincar. As minhas melhores lembranças são dos momentos em que podíamos brincar sem nenhum compromiss­o: na quadra, no parquinho, no salão de jogos. Estudei em uma escola tradiciona­l da minha cidade, um colégio coordenado por freiras. Elas eram bem rigorosas e todos os dias tínhamos de rezar, cantar o hino, participar de cerimônias religiosas.

Foi uma noite em 1989: os meus pais eram separados desde 1981, mas eu não podia contar isso na escola, pois era um colégio de freiras e elas não aceitavam o divórcio. Meus pais nunca comparecia­m às reuniões com os professore­s - meu pai tinha ido embora e a minha mãe estava sempre trabalhand­o. Até que um dia, na 4ª série, houve uma espécie de formatura e meus pais comparecer­am. Para mim foi muito importante na época, pois todo mundo achava que eu não tinha pai, e eu mesmo achava que meu pai não se lembrava de mim. Foi apenas uma noite, mas por pouco tempo senti que não estava sozinho.

Eu sempre gostei mais de Português. Me lembro de na 2º série, aos 8 anos, ter criado uma fábula sobre uma formiga e sua família trabalhand­o no inverno. A matéria que eu gostava menos era Educação Física - eu não era bom de cambalhota­s nem de acrobacias. A partir da 7ª série comecei a jogar basquete e daí passei a gostar um pouco mais.

Eu não me lembro de levar algo de casa. Na escola, o que eu mais gostava era comer na cantina: salgado e refrigeran­te.

Quando era mais novo, eu quase não falava na sala de aula. Mas a partir dos 10 anos comecei a sentar mais no fundo, e constantem­ente era expulso por bagunça ou por conversar demais.

Gostava muito. Eu me lembro de ler muito gibi e ficar desenhando e escrevendo histórias parecidas com aquilo que eu tinha lido. Meus pais liam bastante também e sempre me estimulara­m com revistas, livros e jornais. Minha mãe ficava me dizendo: podem roubar tudo de uma pessoa, menos a inteligênc­ia dela. No escritório de advocacia do meu pai, havia uma máquina de escrever: quando eu ia visitálo gostava de ficar lá criando histórias e lendo esses textos

Não. Meu primeiro sonho foi ser detetive. Depois quis ter uma banda de rock, ser jogador de basquete, escritor, até que aos 15 anos descobri que na verdade queria ser cineasta. Não sei explicar exatamente, mas talvez eu tenha escolhido o cinema pois eu gostava de muitas coisas ao mesmo tempo, e fazer um filme me deixaria em contato com tudo isso de uma forma criativa e intensa.

 ?? Renata Cabrera/ Kinopus ?? Havia alguma matéria que gostava mais? E qual era a que gostava menos? Rodrigo Grota: “Meu primeiro sonho foi ser detetive, até que aos 15 anos descobri que na verdade queria ser cineasta”
Renata Cabrera/ Kinopus Havia alguma matéria que gostava mais? E qual era a que gostava menos? Rodrigo Grota: “Meu primeiro sonho foi ser detetive, até que aos 15 anos descobri que na verdade queria ser cineasta”

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