Protestos bloqueiam estradas na Catalunha
Manifestações convocadas pelos Comitês de Defesa da República protestam pela prisão do ex-presidente separatista Carles Puigdemont
Barcelona - A tropa de choque da Polícia espanhola interveio nesta terça-feira (27) para desobstruir uma estrada na Catalunha, bloqueada por militantes separatistas que protestavam contra a prisão na Alemanha do ex-presidente independentista Carles Puigdemont, que pode ser extraditado à Espanha acusado de “rebelião”.
Os Mossos d’Esquadra, a polícia regional catalã, retiraram um bloqueio montado ao amanhecer na altura de Figueras, perto da fronteira francesa, por dezenas de manifestantes convocados pelos Comitês de Defesa da República (CDR). Durante o dia foram bloqueadas outras duas estradas. No início da noite, centenas de pessoas tentaram cercar a estação de trem de Sants, mas a polícia antidistúrbios voltou a impedir.
Na capital catalã, os confrontos mais graves entre manifestantes independentistas e agentes da polícia aconteceram na noite de domingo, horas depois de saberem da prisão de Puigdemont. Houve cerca de 100 feridos leves, entre eles 23 policiais.
A direção dos CDR, que conta com milhares de militantes, anunciou na segunda-feira uma campanha de protestos e disse que a prisão de Puigdemont supôs “um ponto sem volta” para o secessionismo. Puigdemont se encontra atualmente preso na cidade alemã de Neumünster.
Agora devem esperar a decisão do tribunal de Kiel (norte da Alemanha), que poderia entregá-lo à Justiça espanhola, que o acusa de rebelião e malversação por seu papel na tentativa separatista.
Em qualquer caso, Puigdemont “não desistirá de continuar defendendo seus ideais apesar de todas as adversidades que estão sendo vividas nesses momentos”, declarou nesta terça-feira seu advogado Jaume Alonso-Cuevillas, depois de visitá-lo na prisão.
Puigdemont “não desistirá de continuar defendendo seus ideais”
“O presidente tem perfeitamente claro que é possível que isso se prolongue”, mas “temos uma grande confiança na Justiça europeia e na Justiça alemã”, acrescentou. As autoridades alemãs têm 60 dias para decidir se o extraditam ou não.
Um porta-voz da Procuradoria alemã, Wiebke Hoffelner, se limitou a dizer que a decisão “não será tomada esta semana”.
A Justiça também terá que estabelecer se no Direito alemão existe crimes equivalentes ao que são imputados a Puigdemont, em particular o de rebelião, passível de até 30 anos de prisão na Espanha.
Outros 12 importantes independentistas são acusados de rebelião. No total, são 25 os dirigentes separatistas acusados. Nove estão presos na Espanha e sete fugiram ao exterior, dos quais seis, incluindo Puigdemont, têm uma ordem europeia de prisão.
Clara Ponsati, ex-ministra regional de Educação de Puigdemont, que primeiro foi para Bruxelas e recentemente à Escócia, se entregará na quartafeira (29) à polícia escocesa, anunciou seu advogado Aamer Anwar.