Folha de Londrina

Após ‘noite dramática’, Maluf vai para prisão domiciliar nos Jardins

Deputado federal conseguiu o benefício junto ao STF, por conta do agravament­o de seu quadro de saúde; ele ficou três meses e meio detido no Complexo Penitenciá­rio da Papuda

- Politica@folhadelon­drina.com.br Anna Virginia Balloussie­r Angela Boldrini Folhapress Brasília e São Paulo -

O deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP) chegou nesta sexta-feira (30), a bordo de um Chrysler preto, em sua casa na região dos Jardins, na zona oeste de São Paulo, para começar a cumprir prisão domiciliar. Ele passou “uma noite dramática”, com agravament­o de seu quadro de saúde, segundo seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Maluf estava internado num hospital em Brasília desde quarta (28), com fortes dores na lombar, após três meses e meio detido no Complexo Penitenciá­rio da Papuda. Na tarde desta Sexta-Feira Santa, voou num jatinho com equipe médica para São Paulo.

A prisão domiciliar foi concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli na última quarta-feira (28). O deputado estava cumprindo pena definitiva, no Presídio da Papuda, em Brasília, por ter sido condenado pelo crime de lavagem de dinheiro. O benefício foi concedido após o deputado dar entrada na manhã da última quarta-feira (28) em um hospital de Brasília. Na decisão, o ministro entendeu que exames protocolad­os pelos advogados do deputado mostram que Maluf passa por graves problemas de saúde e não pode continuar na prisão.

De acordo com Kakay, Maluf não pôde embarcar numa UTI móvel, que o levaria direto para o hospital, pois não tem autorizaçã­o judicial para tanto. Na noite anterior, o parlamenta­r passou por uma “lavagem estomacal horrível”, afirmou o advogado. Ele também precisa tomar injeção no olho, pois está ficando cego (já perdeu a visão de um deles), acrescento­u. O parlamenta­r está usando cadeira de rodas.

O defensor disse que voará de Paris, onde está, para a capital paulista na segundafei­ra (2), para se encontrar com seu cliente. A ideia, contou por telefone, é fazer um requerimen­to ao ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que concedeu a prisão domiciliar a Maluf, para saber quem será o juiz de execução penal. Assim poderá solicitar pedidos de exames para avaliar seu estado de saúde.

Em nota, a defesa de Maluf afirmou: “Ele ainda está debilitado. O ideal seria que ele fosse diretament­e ao hospital para exames. Isto será requisitad­o ao STF e ao juiz responsáve­l pela execução penal”.

O deputado receberá médicos em sua casa, numa região que concentra a elite paulistana (o empresário e presidenci­ável Flavio Rocha mora a dois quarteirõe­s, e Wesley Batista, da JBS, também é vizinho). Uma cesta de frutas foi entregue em sua residência, onde parentes já o esperavam.

Em maio de 2017, Maluf foi condenado pela primeira turma do STF a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. Ele também foi condenado à perda do mandato. De acordo com a denúncia, enquanto era prefeito de São Paulo (1993 a 1996), Maluf ocultou e dissimulou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atualmente chamada de avenida Roberto Marinho).

Um homem gritou “ladrão sem vergonha” enquanto passava de bicicleta na frente do imóvel, um dos bens de Maluf bloqueado pela Justiça. “Deixa o homem em paz, seus merdas”, disse outro homem, de moto, dirigindos­e a jornalista­s e fotógrafos que aguardavam a chegada do parlamenta­r. Quase bateu o veículo.

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Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo Movimentaç­ão próxima à residência de Paulo Maluf, nos Jardins: deputado receberá médicos em sua casa, numa região que concentra a elite paulistana

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