Temer prometeu ajudar, diz empresário à PF
- O empresário Antônio Celso Grecco, presidente da Rodrimar, disse à Polícia Federal que, num encontro em Brasília, Michel Temer prometeu ajudar a empresa a resolver uma pendência no Porto de Santos quando ainda era vicepresidente.
A Rodrimar havia vendido um espaço no complexo portuário à Eldorado Celulose, do grupo J&F, mas o governo federal barrara a transferência de mais duas áreas contíguas para a empresa dos irmãos Batista.
Além disso, a obra iniciada pela Eldorado estava atrasada e havia sido embargada pela Codesp (Companhia Docas de São Paulo), estatal que administra o porto.
Grecco disse que, diante disso, esteve em Brasília com “pessoas da Eldorado e tratou diretamente com a Vice-Presidência”, sendo que “foi apresentar o projeto de adensamento [integração das três áreas] para a construção” de um terminal de celulose da Eldorado.
“A resposta do presidente foi simplesmente: vou ver o que vou fazer”, contou Grecco no depoimento. Ele acrescentou que, até hoje, “nada foi feito em relação ao adensamento”.
O empresário foi preso na quinta (29) na operação Skala, que mira amigos de Temer e executivos de empresas portuárias por suposto envolvimento em um esquema de pagamento de propina ao presidente por favorecimento no governo.
O inquérito foi aberto após executivos da JBS, em delações premiadas, lançarem suspeitas sobre Temer. Ricardo Saud afirmou que, após um encontro com Temer, o então vice interferiu em favor da Eldorado. Relatou que Temer tomou nota dos detalhes e informou que ligaria para a Codesp para resolver a questão. Dias depois, informou, a obra foi liberada.
Saud e outro delator do grupo, Florisvaldo Caetano de Oliveira, disseram ainda que a JBS entregou R$ 1 milhão ao coronel João Baptista Lima, um dos amigos do presidente que estão presos. O destinatário dos recursos seria Temer.
Grecco é apontado pela PF como o principal articulador de empresários do setor portuário de Santos com agentes políticos. Nesta sexta (30), a defesa de Grecco pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus para libertá-lo. A ministra Rosa Weber não admitiu o recurso.
O ministro Luís Roberto Barroso, em despacho desta sextafeira, 30, afirmou que os pedidos de revogação das prisões feitas na Operação Skala na quinta-feira serão apreciados depois de todos os depoimentos serem concluídos e de uma nova manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre o caso.
“Quanto aos pedidos de revogação das prisões temporárias, serão apreciados tão logo tenha sido concluída a tomada de depoimentos pelo Delegado encarregado e pelos Procuradores da República designados, ouvida a Senhora Procuradora-Geral da República”, decidiu o ministro. Barroso também afirmou que as defesas poderão ter acesso aos autos das investigações relacionadas ao Inquérito dos Portos.
JBS entregou R$ 1 mi ao coronel João Baptista Lima, diz delator