Folha de Londrina

Espírito aventureir­o

Ator revela que não leu os livros da inglesa Jane Austen que inspiraram “Orgulho e Paixão” para fazer a composição do seu personagem na trama global

- Raquel Rodrigues Agência Estado

Comandante do exército na região do Vale do Café, coronel Brandão, personagem de Malvino Salvador em “Orgulho e Paixão”, novela das 18h da Globo, vai viver um grande dilema em sua trajetória. O ponto inicial de seu conflito é a paixão por Mariana (Chandelly Braz). O problema é que a moça está atrás de um amor explosivo que não combina com o jeito certinho do militar. Só que ela desconhece que seu pretendent­e tem um segredo: um espírito aventureir­o que o leva a corridas clandestin­as de motociclet­a.

“No primeiro momento, Mariana rechaça o Brandão porque vê nele um cara muito careta, um homem mais velho, retilíneo, formal no seu modo de ser perante a sociedade. E ele é assim porque é um pouco engessado naquela figura do coronel. Deve ter tido uma educação rígida. Seu dilema é gostar de aventura, mas precisa dar o exemplo para a sociedade como militar”, conta o ator.

Brandão se torna motociclis­ta exatamente no momento em que se comerciali­zavam as primeiras motos no Brasil, já que a trama se passa em 1910. Em função da atração do personagem por velocidade, Mariana vai começar a se encantar por ele. No entanto, esse interesse nasce sem que ela imagine que o coronel é o motociclis­ta misterioso por quem suspira.

“Por causa desse espírito aventureir­o, ele corre de moto como válvula de escape. Mas faz isso clandestin­amente, porque era proibido na época. De certa forma, o Brandão está sendo contravent­or nesse momento. Isso vai fazer, depois, com que Mariana tenha um novo olhar em relação ao personagem e os dois vão se aproximar”, adianta.

Para o ator, a novela não tem a função de tocar em temas sociais e políticos. Mesmo assim, “Orgulho e Paixão” traz ao debate o feminismo e o machismo nas tramas das personagen­s centrais, as irmãs Benedito. Elisabeta (Nathalia Dill), Mariana, Jane (Pamela Tomé), Cecília (Anaju Dorigon) e Lídia (Bruna Griphão) representa­m diferentes tipos de mulheres.

“A mulher vem conquistan­do gradativam­ente o seu espaço na sociedade. Você poder explorar isso em 1910 e mostrar como muitas coisas ainda permanecem parecidas enquanto outras evoluíram. Nós vivemos num ambiente muito machista. Mas volto a dizer que não é o foco falar sobre isso. A novela quer entreter, colocar esses temas como pano de fundo para criar relações, e o público vai poder fazer a sua associação natural”, acredita Malvino.

COMPOSIÇÃO PRÓPRIA

Em sua preparação para a trama, o ator conta que teve algumas aulas de etiqueta, mas que não precisou se preocupar com o cavalo ou com a moto, porque já tinha intimidade com ambos. Ele relata também que não leu os livros da inglesa Jane Austen que inspiraram “Orgulho e Paixão” para fazer a composição do personagem. “Foquei no texto da novela. Resolvi não ler os livros nem assistir aos filmes para não me contaminar. Quero criar esse personagem a partir do meu ponto de vista, da forma como o texto me direciona e das sugestões da direção”, ressalta.

A parceria de Malvino Salvador com o diretor Fred Mayrink, aliás, vem de longa data e começou na primeira trama do ator, “Cabocla” (2004), e seguiu em “Alma Gêmea” (2005) e em “Haja Coração” (2016). Para ele, essas experiênci­as anteriores facilitam a rotina de gravação, pois um já conhece a forma de trabalho do outro, e isso é importante no andamento de uma novela.

“É um outro tipo de processo em relação ao cinema, ao teatro ou à série, em que você tem mais tempo para executar uma cena. Ao mesmo tempo, não sei se isso é bom ou ruim, é diferente. Agora, de que maneira eu, como ator, posso tirar o melhor partido disso? É o que tento fazer. Acho que o exercício de trabalhar em novela é construtiv­o”, avalia.

Fora de cena Malvino toca uma academia junto com a mulher, a lutadora de jiu-jitsu Kyra Gracie, no Rio de Janeiro. O ator conta que sua vida pessoal anda tão bem quanto a profission­al e que não precisa se preocupar com ciúme em casa. De acordo com ele, nem o rótulo de galã nem o assédio das fãs irritam Kyra, que só prefere não ver as cenas românticas do marido.

“Estou casado e muito feliz. A Kyra é muito desencanad­a porque é segura. Ela me dá força na minha profissão, vibra com as coisas que faço, assiste às minhas peças de teatro. Ela só não gosta de ver beijo na boca em novela (risos)! Sai da sala!”, entrega.

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João Cotta/Globo “Foquei no texto da novela. Quero criar esse personagem a partir do meu ponto de vista”, diz Malvino Salvador, que vive o coronel Brandão
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