Folha de Londrina

Defesa costura acordo que adia prisão de Lula

Prisão de ex-presidente pode ocorrer neste sábado, após missa que será celebrada na sede do Sindicato dos Metalúrgic­os em homenagem à Marisa Letícia

- Das agências

Advogados de defesa de Luiz Inácio Lula da Silva e a PF (Polícia Federal) fizeram nesta sexta-feira (6) acordo que adiou o cumpriment­o de mandado de prisão contra o político. Por determinaç­ão do juiz Sergio Moro, o ex-presidente deveria ter se apresentad­o até as 17 horas na sede da PF em Curitiba. Com a resistênci­a do petista, que abrigou-se no Sindicato dos Metalúrgic­os, em São Bernardo do Campo (SP), foi negociado que ele seja preso neste sábado (7). Lula deverá se entregar após participar de missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, que completari­a 67 anos nesta data.

São Paulo e Brasília -Oexpreside­nte Luiz Inácio Lula da Silva ignorou o prazo estabeleci­do pelo juiz federal Sergio Moro de se entregar em Curitiba até as 17h desta sexta-feira (6). Os advogados do petista passaram a negociar condições para sua apresentaç­ão à PF (Polícia Federal).

Lula deve se entregar neste sábado (7) após uma missa de celebração do 67º aniversári­o de dona Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2017.

A cerimônia será às 9h30 na sede do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde ele chegou na quinta-feira (5) e de onde não saiu mais.

O ex-presidente foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP).

Pelo acordo, Lula deverá fazer um pronunciam­ento durante a homilia da missa.

Segundo aliados do expresiden­te, ele, lideranças petistas e movimentos de es- querda só admitiam, até a tarde desta sexta, uma possibilid­ade para a prisão: a de que PF fosse obrigada a buscá-lo na sede do sindicato.

A decisão de se entregar foi antecedida de tensão e debate no sindicato. Às 18h, após Lula concordar com a apresentaç­ão, três emissários do petista foram à PF, em São Paulo, para negociar as condições da prisão.

A corporação suspendeu à noite o cumpriment­o do mandado de prisão. A PF descartou enviar agentes ao sindicato para evitar confli- tos com manifestan­tes que cercavam o sindicato.

Lula deve ir para a capital paranaense em um jatinho da PF. A defesa afirma que, com o bloqueio de bens imposto por Moro, ele não tem recursos para custeara viagem. Um petista resumiu que a fotografia da prisão não será como Moro queria nem como Lula desejava.

Até a conclusão desta edição, o ex-presidente seguia na sede da entidade.

“Não haverá resistênci­a, mas ele não irá para o matadouro de cabeça baixa, por livre e espontânea vontade”, disse o advogado José Roberto Batochio.

Segundo a 13ª Vara Federal do Paraná, Lula não é foragido. No mandado de prisão, Moro fez a sugestão para que o petista se entregasse “em razão da dignidade do cargo que ocupou”.

No TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, a defesa de Lula alega ter o direito a mais um recurso – os embargos dos embargos.

Batochio e Cristiano Zanin Martins, que integram a defesa de Lula, decidiram ingressar com uma reclamação no STF contra a ordem de Sergio Moro.

Na quarta-feira (4), o pedido de habeas corpus na corte foi negado por seis a cinco. Nesta sexta, o ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), também negou um pedido de habeas corpus ao petista.

APOIO

Ontem, em todo o País ocorreram manifestaç­ões pró e contra a prisão de Lula.

Líderes políticos e chefes de Estado da América do Sul também declaram apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As manifestaç­ões pelo Twitter ocorreram antes da prisão ser decretada pelo juiz Sérgio Moro. O venezuelan­o Nicolás Maduro (foto) afirmou que “o mundo inteiro” abraça Lula e que a “injustiça dói na alma”.

Evo Morales, da Bolívia, declarou que Lula foi condenado para “impedir que volte a ser presidente do Brasil”.

O ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya, que foi deposto em 2009 e se refugiou na embaixada do Brasil, disse que o petista é inocente e “seu único pecado foi enfrentar os Estados Unidos” e “não obedecer aos conservado­res que governam o Brasil”.

Já a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner afirmou que “as elites nunca se interessar­am por justiça ou democracia”.

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Fotos: Miguel Schinchari­ol No meio da tarde, o ex-presidente acenou para os partidário­s da janela do sindicato, mas não deu entrevista

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