Folha de Londrina

Ator recrimina machismo em ‘Malhação’

- Raquel Rodrigues Agência Estado

Felipe Rocha não nega as atitudes machistas de Paulo, seu personagem em “Malhação”, novela exibida pela Globo. Pelo contrário, o ator aponta os defeitos do marido da professora Gabriela (Camila Morgado) e diz que serve de aviso para os jovens refletirem sobre o assunto. Na trama, o dono do bistrô Le Kebek tenta de todas as formas fazer com que a esposa saia da escola onde leciona por causa do ciúme que sente de Rafael (Carmo Dalla Vecchia). Afinal, por conta de uma parceria entre o Colégio Sapiência e a ONG Percurso, a convivênci­a entre Gabriela e o antigo namorado é constante.

“A chegada do Rafael desestabil­izou o Paulo completame­nte, porque o amor antigo dos dois é muito forte. É um negócio de 20 anos atrás, mas ele sabe que aquela chama está lá. Como o Paulo é um cara inseguro, acaba dizendo para a Gabriela sair da escola e trabalhar no restaurant­e com ele. São atitudes completame­nte invasivas”, afirma o ator.

A cada capítulo que passa, Paulo enfatiza o quanto não gosta da presença de Rafael na vida da esposa. Segundo ele, o diretor da ONG Percurso foi uma grande decepção para Gabriela e a intenção dele é protegê-la de seu próprio idealismo. Mas, na verdade, ele deseja que a professora viva só em função da família e não se dedique tanto ao trabalho. Para seu intérprete, Paulo ultrapassa os limites na relação com a mulher.

“Também sou de me entregar aos amores como o personagem, mas há uma grande diferença, porque faço de tudo para respeitar o espaço do outro, que é uma coisa que o Paulo não enxerga. Por conta da inseguranç­a, ele ultrapassa o limite do respeito e cai no lugar machista”, avalia.

Só que, se de vez em quando Paulo derrapa em sua conduta com opiniões machistas, em outras, ele é um parceiro com quem Gabriela divide a rotina da casa e a educação dos filhos, Alex (Daniel Rangel), Flora ( Jeniffer Oliveira) e Mel (Maria Rita). De acordo com Felipe, essa dicotomia do personagem ressalta que alguns preconceit­os estão de forma intrínseca nas pessoas. Por isso, é necessário estar sempre atento para corrigir esse tipo de comportame­nto.

“A sociedade caminha muito bem e rápido, mas tem machismo, racismo, homofobia, gordofobia, tem mil tipos de preconceit­os. Nós nos achamos pessoas legais, mas, volta e meia, a gente se vê em atitudes machistas e tal. Eu provavelme­nte posso olhar para uma coisa que fiz um ano atrás que hoje é considerad­a machista e a gente não se dava conta”, observa.

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