25 pontos de rodovias são bloqueados por manifestantes
Organizadores da mobilização condenaram mandado de prisão e afirmaram que intenção do ato é “defender a democracia”
Sob gritos de protesto e embalados pelo jingle das campanhas de Lula à Presidência da República, cerca de 500 pessoas, segundo os organizadores, se reuniram na tarde desta sextafeira (6) em frente à sede da APP-Sindicato em Londrina para protestar contra a decisão do juiz Sergio Moro, que no final da tarde de quintafeira decretou a prisão do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os manifestantes também reclamam o direito de Lula ser candidato novamente à Presidência nas eleições de outubro. A mobilização foi organizada pela Frente Brasil Popular, que congrega vários partidos, entidades e coletivos da cidade, e engrossou as manifestações pró-Lula que aconteceram durante o dia em todo o País.
“Esse é um ato de desagravo à condução do processo judicial no qual está envolto o ex-presidente Lula. Nós acreditamos que ontem, a expedição do pedido de prisão foi um pouco precoce porque aconteceu antes de votar todos os recursos cabíveis. Para a Justiça brasileira, isso é ruim porque não é só o Lula. Pode acontecer isso com qualquer cidadão”, disse o presidente do PT em Londrina, Ordalone Orente.
O presidente local do partido fundado por Lula disse também que a intenção dos manifestantes é defender a democracia. “Queremos continuar tendo a oportunidade de nos reunirmos em praça pública, nas ruas e manifestar aquilo em que nós acreditamos, seja em favor ou contra qualquer posição. E o fortalecimento da democracia passa pelas eleições livres, onde to- dos os candidatos que são postulados possam concorrer. Se houver derrota, que ela seja nas urnas”, defendeu Orente.
“Essa é uma organização espontânea de pessoas que enxergam como muito grave o que está acontecendo no País. A gente não reconhece a Justiça como uma justiça imparcial, a gente acha que esse processo foi viciado desde o início, não é uma questão de querer ou não votar no Lula, mas a gente vê com muita preocupação tudo isso que está acontecendo porque é uma ameça à democracia”, afirmou o professor universitário Cristiano Medri. “Todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres. Lula não está acima da lei e também não está abaixo da lei. Mas a gente tem visto que várias etapas desse processo são obscuras, algo totalmente político.”
A professora de sociologia Adriana Andrela diz ver com indignação o decreto da prisão de Lula. “É um sentimento de injustiça perceber que o Judiciário desse país, o Supremo, não tem imparcialidade. Basta ver a morosidade em julgar outros processos”, avaliou.
O ato pró-Lula começou às 16 horas, na avenida Juscelino Kubitschek, e pouco depois das 18 horas os participantes saíram em marcha em direção à avenida Higienópolis. Com apoio da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), uma das faixas da avenida JK, no sentido aeroporto, foi fechada para a passagem dos manifestantes e o protesto seguiu tranquilo durante todo o percurso. Ao chegarem à rotatória da avenida Higienópolis, no entanto, houve protestos dos motoristas. Eram 19h45 quando os apoiadores de Lula fecharam dois cruzamentos. “Essa é uma forma errada de protestar. Não é assim que se faz um protesto. Tenho compromisso, estou atrasado. Como vou tirar meu carro daqui?”, reclamou Reginaldo Rodrigues de Paula.
Diante da impaciência dos motoristas, os manifestantes acabaram liberando a passagem dos veículos, mas continuaram no local com o caminhão de som até por volta das 20 horas.