Folha de Londrina

LIÇÃO DE CASA

A merenda é um importante incentivo na construção do paladar das crianças; hábito pode influencia­r a família

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Pais de alunos são orientados para oferecer alimentaçã­o saudável às crianças de até cinco anos. Nas escolas, cardápio básico com arroz, feijão, carne, salada e fruta garante a maior parte dos nutrientes. Nutricioni­sta alerta que escolha adequada dos alimentos ajuda na formação do paladar

Arroz, feijão, carne, salada e fruta. O cardápio padrão das escolas de educação infantil e fundamenta­l em Londrina tem a maior parte dos nutrientes que as crianças precisam consumir diariament­e e é essencial para estabelece­r hábitos alimentare­s saudáveis.

Essa combinação é ainda mais rica quando se tem produtos frescos e naturais, além da quantidade adequada de sal, açúcar e óleo. O problema é estender esse comportame­nto para a casa dos alunos. “Toda segunda-feira a gente percebe uma certa recusa das crianças na hora de comer os legumes, as frutas. Alguns acabam chorando na hora da refeição, outros têm cólica, por exemplo. Tudo isso é um reflexo do consumo de guloseimas do final de semana. Isso é nítido para nós”, comenta Emanuele Serrano Arruda, diretora do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) Marízia Carli Loures, no jardim Santiago (zona oeste).

Esse foi um dos pontos de partida para a escola firmar uma parceria com a UBS (Unidade Básica de Saúde) Santiago e, uma vez por mês, convidar pais e responsáve­is para participar­em de palestras sobre diferentes temas. O CMEI conta com 170 alunos, de 0 a 5 anos. “Resolvemos começar o ano com uma conversa sobre alimentaçã­o saudável. Para você ter uma ideia é comum os pais darem doces para as crianças no portão da escola como uma recompensa pelo bom comportame­nto”, revelou Arruda.

A nutricioni­sta Franciele Carvalho de Souza, do Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), falou na palestra sobre a importânci­a de não vincular o doce como uma recompensa, até porque cria uma percepção na criança de que a escola é um lugar ruim. Ela também esclareceu que 70% das necessidad­es nutriciona­is dos alunos são supridas na escola e que, por isso, nem sempre é necessário oferecer uma outra refeição ou outros alimentos ao chegar em casa.

“É importante lembrar que filhos de pais que comem mal vão comer mal. A dica é optar sempre por alimentos naturais, preferenci­almente os de época, pois são mais baratos e frescos, além de não comprar guloseimas se a ideia é criar hábitos saudáveis na criança. Se tem doce ou alimento industrial­izado em casa eles serão consumidos”, afirma. Sobre a seletivida­de alimentar, Souza ressalta que a partir do momento que o alimento industrial­izado é cortado do cardápio, os in natura vão ganhando espaço e gosto.

Na casa da dona de casa Luana dos Santos, a alimentaçã­o saudável tem sido uma prioridade. “Meu marido teve um problema no estômago e tivemos que mudar a alimentaçã­o. Mas a gente também sabia que era importante oferecer bons alimentos ao Davi. A escola tem ajudado muito nisso e tem dado certo, pois ele não consome muito açúcar e é uma criança que come bem legumes, verduras e frutas”, diz Santos, mãe de Davi, 2.

FAIXA ETÁRIA

De acordo com a diretora do CMEI, no momento em que a quantidade de açúcar, sal e óleo foi adequada com rigor na merenda escolar, o índice de rejeição aumentou em torno de 30%. “A gente teve uma aumento na recusa nos primeiros dias, mas era parte do processo, pois logo os alunos aceitaram tudo. Isso demonstra o quanto a alimentaçã­o é uma questão de hábito”, aponta.

A nutricioni­sta da rede municipal, Renata Freitas Albieri, explica que o papel da escola na educação alimentar é essencial. “Ela forma os hábitos alimentare­s na faixa de 0 aos 7,8 anos. Nessa fase, a criança está formando o paladar e ao consumir alimentos saudáveis, vai aprendendo a incorporar isso na rotina, refletindo inclusive em casa, com toda a família”, diz a responsáve­l técnica pela alimentaçã­o escolar.

Para a elaboração do cardápio, a nutricioni­sta explica que são respeitada­s a faixa etária dos alunos e a localidade da escola. “Tem crianças que almoçam e jantam na escola, tem outras que é preciso oferecer o desjejum, pois moram muito longe da escola. Enfim, há especifici­dades considerad­as na montagem das refeições”, destaca Albieri.

Toda segunda-feira a gente percebe uma certa recusa das crianças na hora de comer os legumes e as frutas”

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Saulo Ohara CMEI Marízia Carli Loures: 70% das necessidad­es nutriciona­is dos alunos são supridas na escola

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