Folha de Londrina

ARTETERAPI­A -

Projeto é mostrado em um dos estandes da Via Rural, dentro da programaçã­o da ExpoLondri­na

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Pintura em seda é uma das atividades de projeto de extensão presente na Via Rural, na ExpoLondri­na. Alunos da Escola Flávia Cristina participar­am de oficina. Stefany Vitória Vieira tem paralisia cerebral e, com auxílio de pincel adaptado, pinta telas usando os pés

Um dos estandes da ExpoLondri­na 2018 dentro do espaço da Via Rural, da Emater, é o dedicado ao projeto de pesquisaee­xtensão“Seda-ofio que transforma”. Por meio dele é possível ver que pessoas com necessidad­es especiais podem desenvolve­r produtos de alto valor agregado e com estampas personaliz­adas e elaboradas esteticame­nte. O projeto é uma iniciativa da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), juntamente com instituiçõ­es parceiras, e no espaço são oferecidos palestras, oficinas interativa­s, apresentaç­ões de painéis e visitas técnicas.

Na tarde de segunda-feira (9) foi realizada a oficina “ArteTerapi­a com seda na educação especial”, com a participaç­ão dos alunos da Escola Flávia Cristina, de Londrina. A professora de educação especial Irenice Palmeira da Silva, da escola, relata que a parceria começou em 2017, quando viu uma exposição dedicada à seda. “Quando vi as técnicas ensinadas pela professora Eduarda (Regina da Veiga, do curso de design de moda da UEL e da Unopar), vi que dava para adaptar o processo de fabricação à educação especial”, destacou. “Aqueles que não conseguem fazer o processo inteiro da pintura conseguem participar de pelo menos uma etapa, como dar algumas pinceladas. Mas ele participa e vai se desenvolve­ndo com isso”, explicou.

Enquanto falava com a reportagem, a professora ajudava a aluna Stefany Vitória Vieira, 16. A jovem tem paralisia cerebral e participou da atividade de pintura usando os pés. “A Stefani usa um pincel adaptado e ela pinta com o próprio movimento do corpo dela. Ela já fez umas pinturas bem bonitas contraindo o abdômen. A pintura trabalha a textura e as cores. Aquele aluno bem comprometi­do consegue se desenvol- ver através do visual. Se ele não consegue pegar no pincel direito, ele vê o que está produzindo”, ressaltou.

A mãe de Stefani, Daiane de Souza Figueiredo, ficou muito feliz de ver a evolução dela por meio da arteterapi­a. “Apesar das dificuldad­es que ela tem, achei muito bacana esse trabalho. Ela já pintou um quadrinho para dar de presente no Dia das Mães, que está na sala. Dá muito orgulho e quando ela vê que está evoluindo fica bem feliz mesmo”, ressaltou.

Figueiredo destacou que a filha já é bastante alegre e ficou mais ainda com essas aulas. “Às vezes não quer nem comer porque quer ir logo para as aulas. Agora ela está toda hora rindo”, apontou. A professora Irenice da Silva explica que a pintura faz parte de um projeto que inclui musicotera­pia e aulas de tear. “Eles fazem essa aula uma vez por semana . Dos 170 alunos que a escola possui, 80 alunos realizam essa atividade”, apontou. A escola faz parte da Associação Flávia Cristina, localizada na zona norte de Londrina, e que atende pessoas com deficiênci­a.

“Quando ela vê que está evoluindo fica feliz mesmo”

TINGIMENTO NATURAL

A professora Eduarda Regina da Veiga ministra aulas da disciplina de materiais e pro-

cessos têxteis nas duas universida­des. Ela destaca que antes de integrar o projeto esses alunos estavam trabalhand­o sem uma gestão de design. “Eles faziam artesanato puro e esse termo se tornou pejorativo, porque os produtos nem sempre possuíam qualidade. As pessoas compravam para ajudar. A associação quer vender um produto com valor agregado, não quer esmola. Com esse projeto a pessoa vai comprar sabendo da função social, mas não só por isso, mas porque é bonito e é de seda. O resultado do trabalho deles é vendido e se transforma em economia criativa, em acessórios, souvenires para vender e revender e se converte em renda”, apontou.

Veiga ressaltou ainda que a lã, por exemplo, tem potencial alergênico e não é toda a criança que pode trabalhar com ela. “Pensando nesse projeto que é tão sustentáve­l, por que não ter sustentabi­lidade social e cultural dentro do projeto? Com a seda não há esse problema de provocar alergia”, apontou. “Pela sustentabi­lidade os alunos realizam tingimento natural da seda, utilizando o açafrão, páprica doce ou o chá”, acrescento­u.

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Anderson Coelho Alunos da Escola Flávia Cristina participam do processo de pintura da seda: textura e cores
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Anderson Coelho
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