Por uma remuneração melhor
Londrina vive seu momento especial de todos os anos. A ExpoLondrina está a todo vapor, e muito bonita como sempre, várias empresas de comercialização de insumos, cooperativas, bancos, revenda de máquinas e equipamentos e inúmeras palestras em uma festa que aparentemente é muito rica e próspera. Será que o proprietário rural tem motivos para comemorar? Ele não tem controle sobre os preços do que passa por suas mãos! A indústria, o comércio e as cooperativas informam a ele quanto irá custar o pacote de insumos de cada safra, o governo, quanto custam os combustíveis e lubrificantes que ele irá usar, e o mercado é quem dita os preços que irá pagar por sua produção, e neste meio tempo só resta a ele rezar, pois sobre a luz do sol e a água das chuvas ele também não pode interferir. Fala-se muito em tecnologia embarcada, novas variedades, novos produtos e novas máquinas que irão trazer com certeza muito mais produtividade. E a rentabilidade? É ela quem realmente remunera o produtor, e não a produtividade. Produzir mais, teoricamente, é ruim para o produtor, pois ele joga mais produto no mercado, e havendo mais oferta os preços caem por uma regra universal de mercado. A cobrança dos empréstimos rurais tem vencimento e obriga à venda da produção, que também ajuda aos compradores e não permite ao produtor pressionar o mercado. Em um cenário de baixa pela oferta de produto em excesso, data fixa para vender e liquidar suas dívidas, resta aos produtores poucas sacas para vender e cobrir suas despesas de mais um ano até a próxima safra agrícola. As variáveis que ajudam o produtor brasileiro são a quebra da safra de outros países, maxi valorização do dólar, ou, como está ocorrendo hoje, onde dois grandes países estão em briga comercial. Sua experiência, sua tecnologia, sua dedicação e até mesmo a mãozinha de Deus só resultam em um bom ano financeiro se houver sorte. Temos que encontrar uma forma de garantir, no momento do plantio, uma remuneração adequada, se o mercado melhorar com o passar da safra ele tem que ficar com parte desta oscilação, mas sem perder o valor mínimo garantido no momento do plantio. Se a safra frustrar, o seguro remunera os gastos e minimiza os prejuízos. Pensando sobre isso poderíamos sugerir uma remuneração vinda do Seguro Agrícola! Em todo o país o governo, por meio de seu banco de desenvolvimento, centraliza a cobrança dos prêmios do seguro rural, cujas taxas variam entre 6,5 e 5%, e que arrecada bilhões. A frustração de safra, Proagro, quando ocorrem são regionais e não em todo país e ao mesmo tempo. Anualmente, de forma transparente o governo deveria mostrar a arrecadação, as indenizações e as sobras, e com essas sobras criar um fundo de reserva, como ocorreu com o Fundepec, e o restante devolver proporcionalmente aos produtores que pagaram seguros. Desta forma, quando as safras forem boas devido ao clima haverá uma remuneração extra no momento em que o mercado pode cair por um excesso de oferta e ajudar os produtores rurais neste árduo trabalho que vem sustentando o PIB e a Balança Comercial do país há muitos anos.
Produzir mais, teoricamente, é ruim para o produtor, pois ele joga mais produto no mercado, e havendo mais oferta os preços caem por uma regra universal de mercado”