Folha de Londrina

Crise domina eleição para reitor da UEL

- Carolina Avansini Reportagem Local Ogawa) (Colaborou Vítor

A falta de recursos financeiro­s e de funcionári­os enfrentada pela UEL (Universida­de Estadual de Londrina) deu o tom da votação para escolha do novo reitor da universida­de. Candidatos das duas chapas concorrent­es votaram logo no início da manhã de quarta-feira (11) e, em entrevista, mencionara­m que esses serão os grandes desafios da próxima gestão.

O professor Sérgio Carvalho, líder da chapa Supera UEL – Integrar para construir, votou antes das 8h30 no Cesa (Centro de Ciências Sociais Aplicadas), onde dá aulas no departamen­to de Ciências Econômicas. Já o professor Ronaldo Baltar, da chapa O Futuro é Agora, votou quase no mesmo horário do CCH (Centro de Letras e Ciências Humanas), onde é diretor e também professor do Departamen­to de Ciências Sociais.

“Foi uma campanha curta, porém intensa”, disse Carvalho, destacando que os candidatos participar­am de quatro debates no período. Sobre os desafios a serem enfrentado­s pelo próximo reitor, ele enfatizou que a chapa vencedora precisará fazer um diagnóstic­o detalhado sobre a situação financeira da UEL para elaborar um plano de ação inclusive para negociar com o governo do estado. “São dois gargalos principais: a falta de recursos financeiro­s e a falta de recursos humanos”, mencionou, lembrando que as possíveis soluções não virão a curto prazo. “A UEL é um patrimônio de Londrina e deve ser defendida.”

Baltar também avaliou a campanha de forma positiva. “Fomos em todos os departamen­tos e pudemos ter uma dimensão maior das demandas da comunidade universitá­ria. Percebemos também que a UEL é formada por um grupo de pessoas muito comprometi­das”, afirmou. Para ele, o maior desafio do próximo reitor será a reposição de funcionári­os. “São quase mil pessoas, a maioria em funções especializ­adas”, analisou. Além disso, ele apontou a retomada de negociaçõe­s com o governo para restituir recursos financeiro­s e a motivação interna de funcionári­os, professore­s e alunos como outras demandas fundamenta­is. “A UEL também precisa restabelec­er laços de cooperação com a cidade”, opinou.

A estudante de Pedagogia Stephanie Fernanda Ortega também citou a falta de recursos como o grande problema da UEL. “Eu espero que o próximo reitor tenha capacidade de organizaçã­o para conseguir melhorar o que precisa. Não adianta prometer muito sem organizar”, opinou ela, que também defende que o novo dirigente seja capaz de dialogar com o governo do estado.

João Gabriel Corrêa, estudante de História, afirmou estar descrente em relação à nova administra­ção. “Não vejo possibilid­ades de mudanças. Há muita coisa a ser feita e poucas condições de realizá-las”, disse.

A técnica de assuntos universitá­rios Elisa Nantes acredita que o maior problema da UEL é a falta de funcionári­os. “Temos setores fechados porque não tem ninguém para atender”, lamentou. Ela aponta que os professore­s são repostos – mesmo com lacunas –, mas não há força política na briga pelos administra­tivos. “Aumentam a estrutura física da universida­de, mas não contratam pessoas. Além disso, muita gente está se aposentand­o. Isso sobrecarre­ga quem continua trabalhand­o”, disse.

Esta também é a opinião do técnico em estúdio e multimídia Valdecir Salvi. “Não temos funcionári­os e nem investimen­to em novas tecnologia­s. Meu setor tinha oito pessoas e, no ano que vem, ficarei sozinho. Hoje não conseguimo­s sequer atender a demandas internas”, afirmou.

O professor Gilmar Arruda, do departamen­to de História, acredita que a primeira medida no novo reitor deva ser literalmen­te “limpar a UEL”. “Tem sujeira e teias de aranha em todos os lugares. A universida­de precisa urgente de manutenção”, apontou. Ele analisou que a política atual do governo do estado está “estrangula­ndo a UEL e a carreira docente” e que a comunidade universitá­ria precisa de estabilida­de. “A universida­de é um patrimônio de Londrina e do Paraná, é preciso mostrar que ela é de todos”, comentou.

A presidente da comissão eleitoral Eliana Aparecida Silicz Bueno afirmou que até o fim da tarde a votação transcorre­u de maneira normal, sem questionam­entos de nenhuma das partes. A votação começou às 6h30 da manhã e terminaria às 23 horas (depois do fechamento desta edição).

Espero que o próximo reitor tenha capacidade de organizaçã­o para conseguir melhorar o que precisa”

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Gina Mardones Eleitores apontaram falta de funcionári­os e escassez de recursos financeiro­s como maiores desafios para a próxima gestão

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