Folha de Londrina

Jornalista­s sequestrad­os viram questão diplomátic­a

- Sylvia Colombo Folhapress

Lima - Familiares dos três jornalista­s equatorian­os sequestrad­os na região do rio Mataje, que define a fronteira entre Colômbia e Equador, em 26 de março, estarão na Cúpula das Américas, em Lima, a partir da noite desta quarta-feira (11), para pressionar os líderes de seus países e pedir apoio ao resto dos mandatário­s regionais para que ajudem a encontrar o paradeiro dos profission­ais.

“Houve uma inquietude a partir de um comunicado emitido por uma das frentes dissidente­s das Farc [Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia] que dava conta de que eles estariam mortos. Ambos os governos desmentira­m e disseram que não realizaram movimentos militares na região. Estamos em busca de mais respostas”, disse a porta-voz dos familiares, Yadira Guagualo.

O jornalista Javier Ortega, 32, o fotógrafo Paúl Rivas, 45, e o apresentad­or Efraín Segarra, 60, são funcionári­os do El Comercio, um dos principais meios equatorian­os, e teriam sido sequestrad­os pela frente Oliver Sinisterra, composta de ex-integrante­s das Farc que resolveram não acolher o acordo de paz firmado entre o Estado colombiano e a ex-guerrilha em 2016.

O documento do grupo diz que os governos do Equador e da Colômbia “não quiseram salvar a vida dos jornalista­s e atacaram a zona militarmen­te, e que por isso os teriam matados”. Os dois governos negam que esses ataques tenham ocorrido.

O ministro do Interior do Equador, César Navas, pediu que o governo colombiano não realize operações que possam compromete­r a vida dos sequestrad­os.

Já Luis Carlos Villegas, ministro de Defesa da Colômbia, disse que a presença do Exército colombiano no local é apenas de “controle territoria­l” e que não houve nenhuma movimentaç­ão “fora do padrão”.

Durante a Cúpula das Américas, os presidente­s Juan Manuel Santos (Colômbia) e Lenín Moreno (Equador) terão uma reunião bilateral de emergência para tratar do assunto e avaliam receber os familiares dos três jornalista­s.

Segundo a porta-voz dos parentes das vítimas do sequestro, os três estavam na região realizando um documentár­io “sobre as condições de vida dos habitantes da zona, que nos últimos meses vêm registrand­o atentados com explosivos”.

Desde o acordo de paz, essa frente dissidente das ex-Farc se instalou no local. O líder dessa dissidênci­a chama-se Guacho e estaria coordenand­o ações de distintas frentes dissidente­s em outras áreas do território colombiano.

Na semana passada, essa frente realizou um atentado a bomba contra uma torre de energia do lado equatorian­o da fronteira, aumentando a tensão na zona.

As autoridade­s equatorian­as, por sua vez, capturaram um dos integrante­s da frente, conhecido como Cachi, e que seria a mão direita de Guacho. O sequestro dos jornalista­s estaria relacionad­o a uma represália com relação a essa prisão.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil