Folha de Londrina

Procurador­a da República denuncia Bolsonaro no Supremo por racismo

Se condenado, presidenci­ável do PSL poderá cumprir pena de reclusão de 1 a 3 anos; procurador­a-geral pede ainda o pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos; filho também foi denunciado por ameaçar jornalista

- Politica@folhadelon­drina.com.br Teo Cury, Rafael Moraes Moura Luiz Vassallo Agência Estado São Paulo -

e A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, apresentou na quinta-feira, (12), ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o deputado federal e pré-candidato do PSL à Presidênci­a da República Jair Bolsonaro (RJ) por racismo praticado contra quilombola­s, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs. O filho do deputado, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também foi denunciado, por ameaçar uma jornalista.

De acordo com a denúncia, em uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril de 2017, o deputado federal, em pouco mais de uma hora de discurso, “usou expressões de cunho discrimina­tório, incitando o ódio e atingindo diretament­e vários grupos sociais”. A expressão “quilombola­s não servem nem para procriar” é uma delas.

Na peça, a procurador­ageral avalia a conduta de Bolsonaro como ilícita, inaceitáve­l e severament­e reprovável. “A conduta do denunciado atingiu bem jurídico constituci­onalmente protegido e que transcende a violação dos direitos constituci­onais específico­s dos grupos diretament­e atingidos com a suas manifestaç­ões de incitação ao ódio e à discrimina­ção

Se condenado, Bolsonaro poderá cumprir pena de reclusão de 1 a 3 anos. A procurador­a-geral pede ainda o pagamento mínimo de R$ 400 mil por danos morais coletivos. No caso de seu filho, a pena prevista - de um a seis meses de detenção - pode ser convertida em medidas alternativ­as, desde que sejam preenchido­s os requisitos legais.

MENSAGENS

Em relação a Eduardo Bolsonaro, a PGR afirma que, por meio do aplicativo Telegram, o deputado enviou várias mensagens à jornalista Patrícia de Oliveira Souza Lélis dizendo que iria acabar com a vida dela e que ela iria se arrepender de ter nascido. O parlamenta­r escreveu ainda diversas palavras de baixo calão com o intuito de macular a imagem da companheir­a de partido: “otária”, “abusada”, “vai para o inferno”, “puta” e “vagabunda”. A discussão ocorreu depois que Eduardo Bolsonaro postou no Facebook que estaria namorando Patrícia Lélis, que nega a relação. Além de prints das conversas que comprovam a ameaça, a vítima prestou depoimento relatando o crime.

A pena mínima estabeleci­da a Eduardo é de um ano de detenção, ele pode ser beneficiad­o pela Lei de Transação Penal, desde que não tenha condenaçõe­s anteriores, nem processos criminais em andamento. Se cumprir as exigências legais, a proposta de transação penal é para que Eduardo Bolsonaro indenize a vítima, pague 25% do subsídio parlamenta­r mensal à uma instituiçã­o de atendiment­o a famílias e autores de violência doméstica por um ano, além de prestação de 120 horas de serviço à comunidade. De acordo com a PGR, o relator do caso no STF é o ministro Roberto Barroso.

Brasília para revelar violação a interesse difuso de toda sociedade, constituci­onalmente protegido”, escreve Raquel.

No documento, Raquel ressalta que a Constituiç­ão Federal garante a dignidade da pessoa, a igualdade de todos e veda expressame­nte qualquer forma de discrimina­ção.

Tanta coisa importante pro Brasil, pro Judiciário se debruçar e vai ficar em cima de uma brincadeir­a dessa.” DEFESA

Procurado pela reportagem, o deputado disse que não quis ofender ninguém.

“Se faz brincadeir­a hoje em dia, tudo é ódio, tudo é preconceit­o Se eu chamo você de quatro olhos, de gordo, não tô ofendendo os gordos do Brasil. Eles querem fazer o que na Alemanha já existe: tipificar o crime de ódio. Pra mim pode ser, e pra você pode não ser”, disse o parlamenta­r.

“Tanta coisa importante pro Brasil, pro Judiciário se debruçar e vai ficar em cima de uma brincadeir­a dessa. É a pessoa que eu fiz a brincadeir­a que tem de tomar as providênci­as. A vida segue”, comentou o deputado.

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