Mais um GM é preso suspeito de matar jovem
Fernando Neves foi detido na manhã desta sexta (13) por suposta participação na morte de Matheus Evangelista
Mais um guarda municipal foi preso temporariamente na manhã da última sextafeira (13). A Delegacia de Homicídios de Londrina (DHL) determinou um mês de cárcere para Fernando Neves, suspeito do homicídio de Matheus Evangelista, de 18 anos, na madrugada de 11 de março. O menino estava em uma festa de aniversário na zona norte de Londrina quando foi vítima de disparos de armas de fogo.
Na ocasião, os guardas Fernando Neves e Michael Garcia acompanhados do motorista foram acionados ao local por perturbação do sossego. De acordo com o documento expedido pelo judiciário e assinado pela juíza Deborah Penna, da 3ª Vara Criminal, Arruda permaneceu na viatura enquanto os outros dois agentes desceram para abordar os jovens que estavam na festa. Segundo os autos, o motorista prestou depoimento que teria ouvido dois disparos enquanto seus companheiros faziam a abordagem. Conforme o documento, “o depoente afirmou que em conversas posteriores, Fernando e Michael teriam assumido a autoria desses disparos. Some-se ao relato trazido pelo guarda municipal (motorista), as versões apresentadas por diver- sas testemunhas que presenciaram o ocorrido, que apontam que Michael de Souza Garcia e Fernando Ferreira das Neves teriam efetuado os disparos que vitimaram Matheus Ferreira Evangelista.”
Garcia já estava na cadeia desde o dia 15 de março, mas a prisão temporária foi prorrogada por mais 30 dias. Ainda de acordo com o documento, Michael teria retornado ao endereço do crime para procurar e ocultar vestígios, conforme relatos obtidos em sede de inquérito policial. Segundo os autos, “mostra-se imperiosa, pois, a prisão temporária dos indiciados, uma vez que sua simples liberdade é capaz de intimidar e coagir testemunhas, frustrando sobremaneira o avanço das investigações.”
Embora o Instituto de Criminalística tenha apresentado, no dia 27 de março, um laudo confirmando que os tiros que mataram Evangelista não partiram da pistola de Garcia, a Justiça entendeu que, mesmo assim, “estão configurados os requisitos autorizadores da prisão temporária, isto é, a imprescindibilidade para as investigações e suficientes indícios de participação dos indiciados em crime de homicídio doloso.”
A assessoria de imprensa da Defesa Social informou que o secretário, Evaristo Kuceki, não irá se manifestar sobre o caso, já que aguarda o resultado das investigações. A advogada de Neves, Mariana Rodrigues, disse que não vai se pronunciar neste momento, mas que “a defesa impetrará habeas corpus, uma vez que a decisão de prisão temporária foi mantida em audiência de custódia”. O advogado de Garcia, André Geraldino, disse que a princípio a defesa também não irá se manifestar mas que “já há o habeas corpus para análise.” dos agentes. Para ele, o desarmamento da corporação não é uma pauta descartada, mas a ideia, num primeiro momento, é procurar soluções a curto prazo, com acompanhamento psicológico e melhor instrução dos guardas. “Não está sendo retirada a questão do desarmamento, foi conversada [a questão], mas não é o objetivo maior. Nós queremos trabalhar a formação e o acompanhamento psicológico dos agentes”, disse. Segundo o promotor, a posse de armas de fogo pelos guardas municipais é uma discussão que irá abranger toda a cidade. “Isso vai envolver a comunidade, a Câmara, poderá ser objeto de audiência pública, então estamos sendo pragmáticos.”
Tavares afirmou ainda que o episódio evidencia o racismo presente na instituição. “Não é coincidência que os negros são, com maior incidência, vítimas dessa violência. Temos que trabalhar a questão do racismo e dos direitos humanos. Eu já participei de cursos com os guardas municipais alguns anos atrás mas tem de ser algo permanente. Esses valores, conceitos e princípios tem de serem trabalhados com eles [os guardas] com mais profundidade”. O promotor acrescentou que a secretaria de Defesa Social está dando abertura para aceitar essas contribuições.
MINISTÉRIO PÚBLICO O promotor Paulo Tavares informou que foram feitas duas reuniões entre o Ministério Público e a Defesa Social e até o fim do mês serão feitos mais dois encontros para trabalhar a formação