Folha de Londrina

Mais um GM é preso suspeito de matar jovem

Fernando Neves foi detido na manhã desta sexta (13) por suposta participaç­ão na morte de Matheus Evangelist­a

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Mais um guarda municipal foi preso temporaria­mente na manhã da última sextafeira (13). A Delegacia de Homicídios de Londrina (DHL) determinou um mês de cárcere para Fernando Neves, suspeito do homicídio de Matheus Evangelist­a, de 18 anos, na madrugada de 11 de março. O menino estava em uma festa de aniversári­o na zona norte de Londrina quando foi vítima de disparos de armas de fogo.

Na ocasião, os guardas Fernando Neves e Michael Garcia acompanhad­os do motorista foram acionados ao local por perturbaçã­o do sossego. De acordo com o documento expedido pelo judiciário e assinado pela juíza Deborah Penna, da 3ª Vara Criminal, Arruda permaneceu na viatura enquanto os outros dois agentes desceram para abordar os jovens que estavam na festa. Segundo os autos, o motorista prestou depoimento que teria ouvido dois disparos enquanto seus companheir­os faziam a abordagem. Conforme o documento, “o depoente afirmou que em conversas posteriore­s, Fernando e Michael teriam assumido a autoria desses disparos. Some-se ao relato trazido pelo guarda municipal (motorista), as versões apresentad­as por diver- sas testemunha­s que presenciar­am o ocorrido, que apontam que Michael de Souza Garcia e Fernando Ferreira das Neves teriam efetuado os disparos que vitimaram Matheus Ferreira Evangelist­a.”

Garcia já estava na cadeia desde o dia 15 de março, mas a prisão temporária foi prorrogada por mais 30 dias. Ainda de acordo com o documento, Michael teria retornado ao endereço do crime para procurar e ocultar vestígios, conforme relatos obtidos em sede de inquérito policial. Segundo os autos, “mostra-se imperiosa, pois, a prisão temporária dos indiciados, uma vez que sua simples liberdade é capaz de intimidar e coagir testemunha­s, frustrando sobremanei­ra o avanço das investigaç­ões.”

Embora o Instituto de Criminalís­tica tenha apresentad­o, no dia 27 de março, um laudo confirmand­o que os tiros que mataram Evangelist­a não partiram da pistola de Garcia, a Justiça entendeu que, mesmo assim, “estão configurad­os os requisitos autorizado­res da prisão temporária, isto é, a imprescind­ibilidade para as investigaç­ões e suficiente­s indícios de participaç­ão dos indiciados em crime de homicídio doloso.”

A assessoria de imprensa da Defesa Social informou que o secretário, Evaristo Kuceki, não irá se manifestar sobre o caso, já que aguarda o resultado das investigaç­ões. A advogada de Neves, Mariana Rodrigues, disse que não vai se pronunciar neste momento, mas que “a defesa impetrará habeas corpus, uma vez que a decisão de prisão temporária foi mantida em audiência de custódia”. O advogado de Garcia, André Geraldino, disse que a princípio a defesa também não irá se manifestar mas que “já há o habeas corpus para análise.” dos agentes. Para ele, o desarmamen­to da corporação não é uma pauta descartada, mas a ideia, num primeiro momento, é procurar soluções a curto prazo, com acompanham­ento psicológic­o e melhor instrução dos guardas. “Não está sendo retirada a questão do desarmamen­to, foi conversada [a questão], mas não é o objetivo maior. Nós queremos trabalhar a formação e o acompanham­ento psicológic­o dos agentes”, disse. Segundo o promotor, a posse de armas de fogo pelos guardas municipais é uma discussão que irá abranger toda a cidade. “Isso vai envolver a comunidade, a Câmara, poderá ser objeto de audiência pública, então estamos sendo pragmático­s.”

Tavares afirmou ainda que o episódio evidencia o racismo presente na instituiçã­o. “Não é coincidênc­ia que os negros são, com maior incidência, vítimas dessa violência. Temos que trabalhar a questão do racismo e dos direitos humanos. Eu já participei de cursos com os guardas municipais alguns anos atrás mas tem de ser algo permanente. Esses valores, conceitos e princípios tem de serem trabalhado­s com eles [os guardas] com mais profundida­de”. O promotor acrescento­u que a secretaria de Defesa Social está dando abertura para aceitar essas contribuiç­ões.

MINISTÉRIO PÚBLICO O promotor Paulo Tavares informou que foram feitas duas reuniões entre o Ministério Público e a Defesa Social e até o fim do mês serão feitos mais dois encontros para trabalhar a formação

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