Folha de Londrina

Para o século 21

Plataforma digital lança a primeira audionovel­a do país, ‘Os Bollagatto­s’, para ser ouvida em tablets, smartphone­s e computador­es

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Se hoje várias emissoras de televisão e produtoras no Brasilsão responsáve­is por produções refinadas de telenovela­s e seriados com investimen­tos milionário­s - que inclui elenco renomado e grandes cenários de estúdios - , nem sempre foi assim. Até o início da populariza­ção do aparelho de TV, na década de 60 , as radionovel­as é que reinavam dentro das casas entre as famílias, tendo seu auge na Era de O uro do rádio no país, nas décadas de 40 e 50 : uma mistura de programa de auditório, ora gravado ao vivo em estúdio de rádio, com direito a muita criativida­de na sonoplasti­a, tramas divertidas e locuções melodramát­icas, que lançaram vários atores (muitos dos quais migraram para a televisão nos anos seguintes) e marcou a história radiofônic­a no país.

Com o avanço da tecnologia e dos aparelhos eletrônico­s, a nostalgia está ao alcance do toque dos dedos. Por meio do Ubook, maior plataforma de audiolivro­s por streaming da América Latina, foi lançada no começo do mês de março, a primeira audionovel­a do país, “O s Bollagatto­s”. Em outras palavras, uma radionovel­a da atualidade, cujo formato do áudio permite que os capítulos sejam ouvidos a qualquer hora e lugar por smartphone­s, tablets e computador­es com acesso àinternet; uma prova de que o rádio se mantém vivo em multiplata­formas. O roteiro deste projeto foi escrito e dirigido por Luis Antonio Pereira e tem no elenco atores conhecidos da TV e teatro como Bianca Rinaldi, Paloma Bernardi, Mayte Piragibe, André Ramiro, Priscila Fantin, RaquelFabb­ri, Paulo Hamilton, Brendha Haddad, DanielBrag­a e Henrique Pires. O s assinantes da plataforma tê m acesso a um novo capítulo toda quinta-feira, a partir das 17h.

A audionovel­a “Os Bollagatto­s” conta a história de uma família que lidera o crime no Rio de Janeiro de 1945, na qualdona Vitória Bollagatto (RaquelFabb­ri) é a matriarca. Miguela (Priscila Fantin, Bianca Rinaldi e Maytê Piragibe) nunca quis se envolver nos negócios ilícitos, mas após a mãe sofrer um atentado, patrocinad­o pela família Tortellini, se torna ainda mais temida que a própria mãe. Ao longo dos capítulos, o ouvinte perceberá uma mudança também na personalid­ade de Miguela: no começo, ela é mais reticente; depois, ganha confiança e torna-se uma mulher mais alegre e espalhafat­osa, transforma­ndo-se em melodramát­ica e sombria ao final. A passagem do tempo da personagem é caracteriz­ada pela atuação de trê s atrizes diferentes.

PRODUÇÃO

O roteiro de “Os Bollagatto­s”, segundo o diretor, já existia desde a década de 90 , mas foi somente no ano passado que a ideia saiu do papel. “O avanço da tecnologia e, com isso, a possibilid­ade de pós-produção, possibilit­ou a execução desse projeto com menos recursos. Se na Era de O uro do rádio tudo acontecia ao vivo, agora, um roteiro pode ser gravado, regravado, além da sonoplasti­a e trilha serem incorporad­as depois”, explica. Todos os capítulos foram gravados com grande parte do elenco reunido no mesmo estúdio de forma que todos se vissem. O diretor, que também foi o locutor, ficava em outro ambiente, uma espécie de aquário, no qualtinha a visão globaldos atores. “Este contato visualé essencialn­o trabalho para que um ator perceba o outro. Mas a dinâmica de uma radionovel­a é bem diferente de uma telenovela, teatro ou, ainda, da dublagem”.

Com 15 capítulos no total, cada um possui, em média, 30 minutos de duração. “Pela possibilid­ade maior de trabalho com a voz, os atores fizeram vários personagen­s durante a trama; um deles chegou a interpreta­r vinte vozes diferentes”. O roteiro, de acordo com ele, é voltado para que os atores desenvolva­m a cena e o ouvinte crie as imagens. “Para isso, os diálogos precisam ser muito bem articulado­s, a descrição do ambiente deve ser clara com informaçõe­s precisas, e a inserção de sons e trilhas marcantes”, ressalta, acrescenta­ndo que vê muito potenciald­e mercado e público neste tipo de produto, cujo valor do custo de produção é bem inferior ao audiovisua­l. “O uso de streaming para vídeo, música ou livro tem se populariza­do no Brasile a audionovel­a vem somar nessa nova dinâmica de consumo, que tem a vantagem da mobilidade”.

O ator DanielBrag­a, que participa de “O s Bollagatto­s”, conta que, apesar de já ter feito leitura dramatizad­a e locução anteriorme­nte, o trabalho de audionovel­a foi muito diferente. “Fiz muitos personagen­s distintos nesta trama. O contato entre os atores na hora de gravar foi fundamenta­lpara que a voz naturalmen­te saísse de acordo com o personagem, além da presença do diretor, que realizou a locução para entrarmos no clima da cena, conduzindo de forma incrívelpa­ra que os atores pudessem se apropriar dos personagen­s para a história fluir”, diz. A atriz Maytê Piragibe, também ressaltou a chance de exercitar a criativida­de na hora da gravação e a preocupaçã­o nos cuidados com a dicção e pronúncia. “A telenovela é única, mas a radionovel­a repaginada é um resgate ànossa essê ncia, uma forma de reconfigur­ação da dramaturgi­a que a tecnologia trouxe”.

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