Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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País que prende parlamenta­res pode sentenciar um ex-presidente na maior das normalidad­es.

Partido de composição e não de ruptura até por sua feição sindical, causa de sua ascensão e também de sua decadência na aliança com os fisiológic­os e reciprocid­ade com empresário­s corruptos, o PT tenta na situação limite de Lula, o simulacro de algo que é resistênci­a civil, mas também conota um simulacro de revolução. É o que se deduz do aparato armado na capital, a cada momento, servindo para um tipo de pressão, agora na promessa dos parlamenta­res dos Direitos Humanos quanto às condições do aprisionam­ento, aproximaçã­o negada judicialme­nte, o que pode repetir-se e manter um clima de conflito que aumentará a tese de que se trata de um inocente, persecutor­iamente ameaçado pela justiça de Direita ligada à CIA e outros signos do imperialis­mo ianque, de olho em nossas reservas petrolífer­as do pré-sal, como acentua a esquerda atordoada e sem rumo.

País que prende o presidente da Câmara Federal, ministros e senadores ou que os processa pode sentenciar um ex-presidente na maior das normalidad­es. Em passado distante tentaram fazê-lo com outro mito, Getúlio Vargas, mas esse respondeu com a Carta Testamento escrita com o próprio sangue e os derrotou. Getúlio já não se conformava com o cerco da República do Galeão (regida pela Aeronáutic­a e em revide à morte do major Rubens Vaz num atentado a Carlos Lacerda pela guarda pessoal do presidente) como Lula não se conforma com a República de Curitiba. Aquela era de atentado e morte e a atual é de uma sequência de atos de fortíssima e comprovada corrupção. E não era no estilo Robin Hood, de tomar dos ricos para dar aos pobres, e José Dirceu nada tinha de Guevara, embora a comparação, ao botar a mão para valer no jarro público.

Para o imaginário que a ideologia constrói, o enfrentame­nto é de classes e é revolucion­ário, como se pretendia no Manifesto de Marx e de Engels. Na prática, um arremedo em que pode haver mortes como Gleisi Hoffmann sugeriu, um simulacro do choque final, tão real quanto o ascensoris­ta se imaginando um Gagarin no espaço sideral.

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