CEIs filantrópicas devem parar na quinta-feira
O Sinpro (Sindicato dos Profissionais das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná) definiu paralisar as aulas na quinta-feira (19) nas 50 CEIs (Centros de Educação Infantil) filantrópicas de Londrina, devendo impactar 6.400 alunos. E caso não haja negociação com o sindicato patronal, existe a possibilidade da categoria entrar em greve.
A decisão foi anunciada pelo sindicato após duas assembleias realizadas na manhã de sábado (14), para discutir as negociações salariais tanto das CEIs filantrópicas quanto dos professores de escolas particulares de Londrina e região.
De acordo com o Sinpro Londrina, a proposta de reajuste salarial dos sindicatos patronais é de 2% para os profissionais de escolas particulares e de 1,89% para as CEIs filantrópicas. “As duas categorias rejeitaram essas propostas. O Sinpro entende que o salário desmotiva a categoria e afeta a qualidade da educação. Queremos valorização salarial”, afirmou o presidente do Sinpro Londrina, André Cunha.
A assembleia reuniu cerca de 150 professores que aprovaram a paralisação nas CEIs filantrópicas, mas segundo Cunha, a indignação e posição contrária à proposta do sindicato patronal foi muito manifestada nas redes sociais do Sinpro Londrina.
O Sinpro espera a adesão de aproximadamente 900 professores na paralisação e que ao menos metade deles, compareçam à mobilização programada para quinta-feira (19), às 9h, na rotatória das avenidas Madre Leônia Milito e Ayrton Senna, na zona sul da cidade. De lá, os professores farão uma passeata até a Secretaria Municipal de Educação.
Cunha diz que as professoras de CEIs têm a mesma jornada que as de CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil). “Só que essas ganham 3 mil, enquanto as de CEIs ganham pouco mais de mil reais, sendo que cumprem a mesma jornada pedagógica e têm os mesmos cursos de formação exigidos pela secretaria municipal de educação”, acrescentou.
Em relação às escolas particulares, não haverá paralisação, mas estão programadas mobilizações em frente às escolas de Londrina e Apucarana (centro-norte) durante toda a semana, com professores de outras instituições e representantes do Sinpro.
“A ideia é comunicar os pais sobre essa proposta salarial que é absurda considerando que as mensalidades subiram em torno de 7,5%, além dos demais custos de vida. Para se ter uma ideia, essa proposta é de R$ 21 para o ano todo. Não podemos aceitar isso”, ressaltou. Ao todo, a base do Sinpro envolve cerca de duas mil escolas particulares. Em Londrina, são em torno de 900 instituições desde a educação infantil até universidades.
“Queremos a proposta de ganho real, isto é, um reajuste de 10%, além de aumento da hora-atividade e da bolsa de desconto para filhos de professores e a participação do sindicato na revisão de rescisões dos contratos de trabalho, pois estamos constatando muitos problemas nesse sentido”, apontou.
O presidente do Secraso-NP (Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Norte do Paraná), José Milton de Sousa, explica que 90% do valor repassado pela prefeitura de Londrina para as CEIs filantrópicas cobrem a folha de pagamento e os demais 10% são destinados a cobrir outros custos.
“A prefeitura alega que não tem recurso para aumentar esse repasse (1,89%) e o que podemos oferecer é um aumento de 1,56% na verdade, pois temos outros custos que precisam ser cobertos com esse repasse. Ficamos impossibilitados de dar um aumento maior que isso (1,56%)”, afirmou.
De acordo com Sousa, a proposta de 1,56% vai ser mantida independente das consequências. “A situação é complexa, mas também não tem muito por onde resolver. Ou a prefeitura aumenta o repasse ou vamos continuar com a proposta e o Sinpro dentro do direito constitucional, pode fazer a paralisação. A última informação que tivemos nesta semana da prefeitura, através da secretaria municipal de educação é que a questão do 1,89% não está sujeita à análise”, finalizou.
Cunha afirma que o Sinpro está aguardando uma contraproposta do Sinepe/NPR e do Secraso-NP. “Se não houver outra proposta para as CEIs até o sábado (21), quando está marcada uma nova assembleia, é certo que teremos uma nova proposta de paralisação a partir de segunda-feira (23) por prazo indeterminado”, declarou.
A FOLHA tentou falar com o Sinepe/NPR (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Norte do Paraná) mas não conseguiu contato. A Secretária Municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, disse que, por enquanto, não iria comentar.
(Colaborou Vitor Struck)