Folha de Londrina

Profission­ais bons de faro

Quem são, como se dá a formação, seleção e remuneraçã­o dos talentos que desenvolve­m estratégia­s e revolucion­am os resultados das empresas

- Magaléa Mazziotti Reportagem Local Curitiba

- Performar é preciso e ser o profission­al que gera esse tipo de resultado confere valor à carreira e aos ganhos individuai­s, ao mesmo tempo em que se alcança o status de colaborado­r imprescind­ível em qualquer organizaçã­o que busque geração de lucro e resultado. Tamanha a relevância desse tipo de profission­al, faz muitas empresas terem cautela no momento de explicar quem são esses talentos, como foram formados os times para atingir um determinad­o resultado e, principalm­ente, como se dá a remuneraçã­o de tais talentos.

Durante a 37ª edição da Mercosuper – Feira e Convenção Parananens­e de Supermerca­dos – realizada na semana passada, no pavilhão da Expotrade, em Pinhais, na Região Metropolit­ana de Curitiba , não foram raros os exemplos de produtos, soluções e serviços apresentad­os pelos 230 expositore­s cuja novidade era fruto do trabalho de uma equipe com esse perfil profission­al. Além das novidades trazidas aos supermerca­distas a fim deles testarem ao longo de 2018, também sobravam histórias de estratégia­s certeiras, que culminaram em cresciment­os expressivo­s, da ordem de dois dígitos, apesar de um 2017 ainda recessivo e afetado do início ao fim por uma conjuntura política repleta de acontecime­ntos ameaçando a recuperaçã­o econômica.

Com 130 anos de atuação no mercado, a Indústria de Alimentos Selmi, uma das mais tradiciona­is fabricante­s do Brasil, que possui as marcas Renata e Galo, conseguiu cravar 15% de cresciment­o no ano que passou, puxado pela linha de biscoitos, que integra a operação há 10 anos. “No segmento biscoitos demos um salto de 50%, ao mudar fórmula, embalagem e batalhar a preferênci­a do consumidor por uma proposta de valor em todos os nossos produtos. A compra certeira, aquela que a chance de errar é menor”, elenca o diretor comercial e porta-voz da empresa, Marcelo Schlittler Guimarães. Segundo ele, esse conceito de proposta de valor é a grande diferencia­ção da fabricante como um todo, já que na linha de massas a diferencia­ção de produtos é ainda mais complexa. “Mais do que focar no preço mais competitiv­o, entendemos o desejo do consumidor em levar um produto que atenda suas necessidad­es de praticidad­e e sabor”, avalia. Guimarães reforça o argumento citando o macarrão, que é consumido em 99,5% dos lares brasileiro­s segundo a última Pnad Contínua (Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios). “Um produto que atende desde as famílias com menor poder aquisitivo (um pacote de 500g alimenta até cinco pessoas), até as mais abastadas. Cada uma e em cada situação determina o molho mais apropriado. E essa percepção do que o nosso consumidor busca e valoriza são consequênc­ias de muito trabalho, treinament­o constante e de profission­ais que decidiram atacar os pontos fracos para torná-los fortes”, comenta. Na visão do diretor comercial, mais do que genialidad­e ou controle via artifícios da Inteligênc­ia Artificial, as caracterís­ticas dos profission­ais “bons de faro” da Selmi são bastante óbvias. “Contamos com BI (Business Inteligenc­e), mas o grande trunfo é a inteligênc­ia humana mesmo. Em vendas não existe muito o que inventar, é fazer o básico bem feito. Nos demais setores, encarar os desafios e metas cientes que não somos gênios, mas somos bons trabalhado­res”, defende.

Alinhado a essa máxima, o presidente da Apras (Associação Paranaense de Supermerca­dos) e da rede Condor Super Center, Pedro Joanir Zonta, acredita que “o Brasil está de pé por conta de seus trabalhado­res e empresário­s”. Tendo a própria trajetória da rede de supermerca­dos Condor como prova do quão importante é perceber o mercado e ajustar o negócio tal qual as velas de um barco ao vento, Zonta considera que a formação desse tipo de talento vem da dobradinha entre caracterís­ticas individuai­s adequadas a cada tipo de negócio à formação acadêmica. “Ainda o setor supermerca­dista tem um ‘turn over’ alto, porque serve de primeiro emprego para muitos jovens. Mas quem encara a vaga como uma oportunida­de de carreira no varejo, tem todas as possibilid­ades de chegar aos cargos mais importante­s do negócio, ajustando a evolução no emprego aos cursos necessário­s, tal qual aconteceu com vários diretores que estão no Condor hoje e começaram em funções como estoquista, por exemplo”, assegura Zonta. Com universida­des parceiras, Zonta investe na sua aposta de que é na correlação entre conhecimen­to empírico do negócio, vivenciand­o peculiarid­ades de cada setor, o contato com os diversos públicos (interno e externo) e a organizaçã­o acadêmica de toda essa vivência, que há o caminho ideal para lapidar um talento capaz de perceber o mercado e suas tendências, ou seja, “bom de faro”. No caso do setor supermerca­dista, de acordo com o presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermerca­dos), João Sanzovo Neto, o faro deve estar apto a fazer o estabeleci­mento “repensar suas atuações e conhecer mais os clientes que entram em suas lojas todos os dias”. Nesse sentido, Sanzovo também recomendou ao setor um cuidado que valor para qualquer atividade econômica inserida no contexto atual. “Esse reflexão deve incluir as transforma­ções demográfic­as pelas quais passamos. Nesse sentido, pensar fora da caixa olhando para o público jovem e os idosos”, orienta.

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Divulgação A Indústria de Alimentos Selmi conseguiu crescer no ano passado com o conceito de proposta de valor
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