Folha de Londrina

Doença afeta 1 milhão de pessoas

- Gabriel Alves Folhapress

São Paulo

- Foi só na última década que pesquisado­res e médicos conseguira­m compreende­r um pouco melhor as doenças que hoje são chamadas de urticárias crônicas. Elas são caracteriz­adas pela presença persistent­e das urticas, manchas saltadas e avermelhad­as na pele, de diversos tamanhos, que surgem e desaparece­m. Também podem aparecer angioedema­s, inchaço em partes do corpo, como genitais, lábios e orelhas.

Diferente do que se pensava, não se trata de uma condição rara. Estimativa­s dão conta que entre 0,5% e 1% das pessoas são afetadas, algo entre 1 milhão e 2 milhões de brasileiro­s.

Essas idas e vindas de manchas vermelhas pruriginos­as (que causam coceira intensa) podem ter algum fator desencadea­nte - algo que tem que ser investigad­o pelo paciente em parceria com o médico - ou se dar sem razão aparente. Nesse último caso, ela recebe o nome de urticária crônica espontânea (UCE) e o que os cientistas descobrira­m é que ela é causada por uma reação autoimune do organismo. Isto é, o sistema imunológic­o ataca o próprio corpo, sem que haja um estímulo externo.

Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos entrevisto­u 1.200 pessoas e concluiu que apenas 1% dos respondent­es consegue relacionar o defeito do sistema imunológic­o à UCE. Boa parte associa a condição ao stress e ao consumo de determinad­os alimentos, por exemplo, que não são causas.

A UCE representa dois terços de todas as urticárias crônicas, e afeta duas vezes mais mulheres do que homens. A doença aparece em qualquer fase da vida, mas geralmente surge entre os 20 e 40 anos de idade, por um período que pode durar de um a cinco anos. Há casos, porém, em que pacientes viveram mais de uma década com os sintomas sem saber do que sofriam.

Uma iniciativa busca promover o conhecimen­to sobre a UCE entre leigos e médicos. Celebridad­es como o ator Eriberto Leão, o rapper Gabriel O Pensador e o apresentad­or e judoca Flávio Canto apoiam a campanha Tudo Sobre UCE, que é patrocinad­a pela farmacêuti­ca Novartis. No último dia 5, o Cristo Redentor ganhou uma iluminação especial, que o fez “vestir a camisa” da campanha.

A qualidade de vida é severament­e prejudicad­a pela doença, provocando deterioraç­ão do sono, da vida social, da produtivid­ade e das relações amorosas, o que é agravado pelo tempo até obter um diagnóstic­o certeiro -que pode demorar cinco anos.

O tratamento farmacológ­ico da UCE tende a ser eficaz em mais de 90% dos casos e envolve a utilização de anti-histamínic­os de segunda geração sozinhos ou em associação com as drogas omalizumab­e ou ciclospori­na.

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