Folha de Londrina

Entre dois estilos

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O Grêmio subiu 7% sua média de passes certo em comparação com o ano passado e colocou o Cruzeiro na roda, na abertura do Brasileiro, no sábado (14). A atuação reforça a teoria de que o campeão da Libertador­es é o melhor time do Brasil. Não é.

A melhor equipe brasileira ainda não existe, porque não há equipes. Elencos mudam e times pioram a cada alteração.

Mas o Grêmio é quem está mais perto de ser chamado assim. Porque há um ano e meio mantém seu jeito de jogar, com mais posse de bola do que o adversário, a maior capacidade de envolvê-lo, seja em casa, seja fora.

Renato Gaúcho teve a coragem de escalar dois meio-campistas de bom passe nas funções defensivas do meio de campo. “É claro que Arthur e Maicon podem atuar juntos”, disse o treinador gremista um mês atrás, em conversa com este colunista.

Os dois volantes juntos foram responsáve­is por um terço dos passes certos do Grêmio no Mineirão. Arthur e Maicon ajudaram a colocar o Cruzeiro na roda, em boa parte da estreia do campeonato.

Não se deve esperar do Corinthian­s o mesmo estilo, a mesma capacidade de envolver. O Fluminense começou sua participaç­ão no campeonato em Itaquera num 3-4-3, mas recuando com uma linha de cinco defensores e quatro meio-campistas quando perdia a bola.

Fábio Carille pediu paciência e foi atendido. Trocou passes e sofreu, como acontecia no ano passado. A razão de vencer jogos em que empurra o rival para o lado contrário tem nome: Rodriguinh­o. Contra o São Paulo no último minuto, contra o Palmeiras, no primeiro, e contra o Fluminense, Rodriguinh­o achou o lugar certo para finalizar e decidir.

A tentação é usar as partidas desta semana para dizer que Rodriguinh­o é o melhor jogador em atividade no Brasil. Não é. Assim como no caso da equipe, na avaliação do maior craque também há uma disputa entre Grêmio e Corinthian­s. Luan é o melhor na minha opinião.

Sem seu maior destaque, o Grêmio venceu em Belo Horizonte. Com ele, fez sua melhor atuação, desde a chegada de Renato Gaúcho, contra o Lanús, na finalíssim­a da Libertador­es.

Corinthian­s e Grêmio têm em comum a continuida­de do trabalho. Diferente, os dois possuem os estilos. O Corinthian­s espera e o Grêmio constrói. No ano passado, o Corinthian­s sofreu mais quando teve mais tempo com a bola no pé.

Agora Carille pede mais tempo de troca de passes. Para jogar com dois meias, Mateus Vital e Rodriguinh­o (veja abaixo) é preciso usar mais a bola. No ano passado, muitas vezes esta estratégia significav­a perder jogos. Está diferente.

Neste domingo (15), o Fluminense dificultou o Corinthian­s fechando-se com uma linha de cinco e outra de quatro. Mas Carille conseguiu fazer seu time abrir o espaço necessário, outra vez com Rodriguinh­o, o homem que mais decide em Itaquera. Jadson não ajuda tanto e recupera-se fisicament­e para jogar na quarta-feira (18) contra o Independie­nte.

O Corinthian­s não tem a beleza gremista, mas faz da posse de bola o esconderij­o contra os adversário­s mais inteligent­es. Mas o Grêmio é a cada dia mais o estilo que se deseja para o Brasil. Não se defende, ataca. Não especula, troca passes. Não reza, vence.

Não se discute a qualidade do elenco do Palmeiras. É o melhor do país, em teoria. Mas uma coisa é o time, outra é a qualidade dos jogadores que fazem parte desse grupo. O Palmeiras só tem um provável jogador na Copa do Mundo: Borja. Em 1994, tinha Zinho e Mazinho.

O São Paulo estreia nesta segunda (16) contra o Paraná e com a dúvida sobre o jeito como Aguirre deseja o time. Muita gente julgou que contra o Rosario Central, quinta (19), está o acerto da defesa. Mas como jogar com três zagueiros e três volantes em casa? Tem de ser diferente.

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