Folha de Londrina

ABRAHAM SHAPIRO

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A única coisa que você e eu temos, de fato, enquanto vivemos, é tempo.

A única coisa que você e eu temos, de fato, enquanto vivemos, é tempo. E se você diz não ter tempo, o que então você tem?”

Há uma anormalida­de atual que se tornou epidêmica em grande parte da população. É o gosto – quase prazer – de dizer que se está ocupado demais e não há tempo para nada. E ela se agrava mediante à crença de que somos muito mais ocupados do que todos os nossos antepassad­os. Mas a História mostra ser um enorme engano.

Em 1887, há mais de 130 anos, Friedrich Nietzsche, o grande filósofo alemão, já reclamava do mesmo problema.

Nos Estados Unidos, uma compilação de cinco diferentes medidas de tempo tomadas nos últimos cinquenta anos indicou que o cidadão americano médio tem, hoje, de seis a nove horas livres a mais por semana do que a cinco décadas atrás.

Ocorre que a Era da Informação nos aponta o dedo dizendo que precisamos absorver um volume enorme de notícias e dados. Daí a falsa sensação de que nunca conseguire­mos acompanhar tudo, iludidos que se tivéssemos mais tempo estaríamos sintonizad­os e cumprindo esta obrigação ou necessidad­e.

No entanto, ser seletivo e saber exatamente o que buscar em meio a esta avalanche de boas e péssimas coisas que chegam pela Rede Mundial é o grande segredo do sucesso e da paz de espírito no nosso mundo, já que a falta de critério em acessar todos estes recursos ocasiona perda de produtivid­ade crescente pelo nível de distração que podem produzir.

Se durante o trabalho, por exemplo, você cede às mídias sociais ou à comunicaçã­o instantâne­a sem nenhum limite ou padrão de conduta, corre o risco de jogar grande parte de um dia inteiro no lixo. É o que acontece em muitas empresas por todo o mundo nos dias de hoje. E aqui vai um lembrete: a única coisa que você e eu temos, de fato, enquanto vivemos, é tempo. E se você diz não ter tempo, o que então você tem?

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