Câncer avança para se tornar a principal causa de mortes no Brasil
Se o homem está vivendo mais, também está desenvolvendo hábitos não saudáveis. É o novo perfil epidemiológico do Brasil
Ofato do câncer, hoje, ser a principal causa de morte em 10% dos municípios brasileiros confirma uma tendência que muitos especialistas já antecipavam: a doença avança a cada ano, e em pouco mais de uma década deve se tornar a responsável pela maioria dos óbitos no País. Levantamento inédito foi feito pelo Observatório de Oncologia, do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, utilizando como base os números oficiais mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade.
O estudo foi apresentados nesta segunda-feira (16), na sede do Conselho, durante a terceira edição do Fórum Big Data, reunindo especialistas no assunto, autoridades e representantes de pacientes.
Esse crescimento do número de novos casos de neoplasias malignas está bastante relacionado com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. É a chamada doença da modernidade, muito ligada ao desenvolvimento. Se o homem está vivendo mais, também está desenvolvendo hábitos não saudáveis, comendo mal, fazendo pouco exercício, fumando e se expondo ao sol sem proteção. É o novo perfil epidemiológico do Brasil.
Calcula-se que no mundo o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Aproximadamente 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e o organismo internacional calcula que essas notificações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.
As características dos municípios onde o câncer mata mais reforçam a teoria dos especialistas. A maior parte dessas 516 cidades (o Brasil tem 5.570 municípios) está localizada em regiões mais desenvolvidas, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano são maiores. Oitenta por cento dessas localidades estão na região sul e sudeste. Estudos como esse devem nortear um melhor planejamento de ações de prevenção, controle e tratamento. O momento é oportuno para o debate, pois é quando candidatos aos cargos de presidente e governadores colocam na mesa suas propostas para a saúde pública. Embora se tenha avançado muito nos últimos anos, especialistas lembram que pacientes da rede pública ainda enfrentam dificuldades para realizar exames que comprovem o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. Se é responsabilidade do cidadão adotar hábitos de vida saudável, é obrigação do Estado disponibilizar rapidamente os exames preventivos e facilitar o acesso ao tratamento.