Entidades apontam problemas em UPAs
Após visitar as unidades de pronto atendimento de Londrina, grupo vai encaminhar relatório para a secretaria de Saúde
Falta de segurança, manutenção insuficiente e desorganização do fluxo de atendimento foram os principais problemas apontados por um grupo de entidades de Londrina que, lideradas pelo MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos), visitaram as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) dos jardins Sabará e do Sol e também o Pronto Atendimento da UBS (Unidade Básica de Saúde) do jardim Leonor na segunda-feira (16) em Londrina. Todas as unidades ficam na zona oeste.
Participaram da visita, além de MNDH, as comissões de direitos humanos da Câmara Municipal de Londrina e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), além de um representante da arquidiocese de Londrina. “Recebemos muitas reclamações de usuários sobre o atendimento de urgência e emergência e por isso decidimos checar. A ideia é tirar mais informações sobre o que pode ser melhorado”, afirmou o presidente do MNDH em Londrina, Carlos Henrique Santana.
Segundo ele, o grupo constatou que, nas UPAs, falta segurança tanto para os funcionários como para os usuários, visto que o acesso de pessoas é livre. Além disso, constataram que falta manutenção nos prédios, apesar de não serem muito antigos. A maior reclamação dos usuários, entretanto, é sobre a demora no atendimento.
“O debate sobre o fluxo de atendimento precisa ser ampliado, pois as pessoas acabam buscando a UPA para resolver problemas que poderiam ser solucionados nas UBSs”, diz Santana. Um dos motivos é a falta de médicos nas unidades de atendimento básico. Além disso, criou-se o hábito de buscar a UPA para problemas que poderiam ser resolvidos no posto, o que acaba sobrecarregando o serviço. “A UPA é para urgência e emergência”, reforçou.
Cilmara Caldeirão, da comissão de direitos humanos da OAB, destacou que usuários relataram falta de médicos e equipamentos de exames na UBS do Leonor. “Além disso, detectamos que o fluxo de atendimento é muito grande, o que obriga funcionários a fazerem horas extras”, apontou.
Já o coordenador da ação evangelizadora da arquidiocese de Londrina, Evandro Delfino, observou que a estrutura dos atendimentos de urgência e emergência está “defasada”. “A igreja é solidária aos usuários e trabalhadores e apoia a busca por soluções”, disse.
DEMORA
Na UPA do Sabará, a auditora de qualidade Taís Maiara Luz conta que foi atendida com rapidez, tomou remédio para a dor abdominal que estava sentindo, mas teria que esperar por pelo menos três horas para pegar os resultados dos exames de sangue e urina que colheu. Ela mora no Jardim Califórnia, na zona leste, mas preferiu atravessar a cidade para ser atendida. “Sempre trago um lanche porque sei que vai demorar”, ensina.
A dona de casa Keity Violato também procurou a UPA do Sabará com fortes dores abdominais. Ela disse que não procura a UBS porque eles receitam medicamentos “fracos” que não resolvem. “Fiquei tomando analgésico em casa, mas não melhorei. Por isso vim para a UPA”, disse. Ela comentou que a UPA não tem equipamentos para exames de imagem e que isso acaba provocando demora no atendimento, visto que os pacientes acabam tendo que ir em outros lugares para finalizar o atendimento.
RELATÓRIO
Conforme Santana, as entidades vão elaborar um relatório sobre os problemas encontrados para oficializar a secretaria municipal de Saúde e o Ministério Público para que cobre soluções dos órgãos competentes.
A prefeitura informou em nota enviada pela assessoria de imprensa que já contratou os projetos para a reforma da UBS e Pronto Atendimento do Jardim Leonor. A elaboração dos projetos deve começar em dez dias. A reforma prevê a adequação da farmácia e dos banheiros para os pacientes, assim como a ampliação de três salas de atendimento, além de projetos de instalação elétrica, hidráulica, climatização e prevenção a incêndios. A previsão é que até o final deste ano comecem as obras, que devem movimentar em torno de R$ 1 milhão.
A unidade atende uma média de 300 pessoas por dia. Na última semana, a média aumentou para 510 atendimentos, o que tornou os serviços mais lentos, apesar de as equipes terem sido ampliadas desde o ano passado.