LUIZ GERALDO MAZZA
Vivemos um ciclo punitivo e consequentemente com um viés nem sempre equilibrado.
Vivemos um ciclo punitivo e consequentemente com um viés nem sempre equilibrado . E tudo se dá em todos os níveis de governo. Todo santo dia fato novo: Aécio Neves feito réu, governadores e prefeitos cassados, ex-presidente da Câmara Municipal de Londrina, Rony Alves e Mario Takahashi, em processo de cassação de mandato por quebra de decoro, em função de denúncia do Ministério Público de cobrança de propina para acertar mudanças do zoneamento urbano.
Hoje, felizmente, há mais nuances do que no período do mensalão seguido pelo do petrolão na Lava Jato. O fluxo corretor é bem aceito, como se viu no Datafolha, com 84% entendendo que não deve ser detido, mas com 12% acreditando como Romero Jucá que a sangria tem que ser contida. Não se pode subestimar a pressão dos criminalistas que tentam valer-se de doutrina para conter os exageros, visível na pressão deles por força do peso das acusações contra a OAB que como qualquer instituição abre um olho para a corporação e outro para a opinião pública, tal qual se dá com os tribunais.
Entre o infravermelho e o ultravioleta do espectro ideológico há matizes mas a hora vivida é a dos radicalismos e até o STF se mostra permeável ao canibalismo das torcidas de futebol. Ocorre que estávamos ajustados demais à cumplicidade com a impunidade, a sacanagem ritual de processos intermináveis em nome da subjetivíssima presunção de inocência que pode estar em tantas coisas menos nas relações público-privadas deste País, onde sempre há malícia, subterfúgio, desvio. Trata-se de ambiente sem espaço para a inocência, como se vê nos eventos da Lava Jato, nos assaltos à Petrobras.
Trata-se de um ciclo, espera-se, e não de uma era. O contraditório começa a ganhar mais espaço e isso é suficiente para reequilibrar. Essa fase de cruzada e fundamentalismo terá seu termo como imposição da racionalidade.