Folha de Londrina

Justiça suspende obra em hidrelétri­ca

Decisão acatou ação civil pública que apontou irregulari­dades em licenças ambientais em Tibagi

- Vítor Ogawa Reportagem Local

OTribunal de Justiça do Paraná determinou a paralisaçã­o das obras da Usina Hidrelétri­ca Tibagi Montante, em Tibagi (Campos Gerais). A decisão também suspendeu a validade dos licenciame­ntos ambientais concedidos pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) para a obra. A promotora de Justiça Juliana Schasiepen Ribeiro Gonçalves afirma que as ações civis públicas foram ingressada­s pelo Ministério Público após a constataçã­o de nulidades no procedimen­to de licenciame­nto ambiental do empreendim­ento.

A promotora explicou que no momento em que as ações foram propostas, as obras na usina já tinha sido iniciadas, tendo em vista que o IAP emitiu licença de instalação, apesar das irregulari­dades que foram constatada­s e descritas na petição inicial.

A Promotoria de Justiça de Tibagi afirma que houve falhas no processo de licenciame­nto como a falta de estudo de impacto de vizinhança e a ausência de análise fundamenta­da, pela prefeitura, da compatibil­idade do empreendim­ento com o plano diretor do Município. Além disso, afirma o MP que o projeto não contou com a anuência da Secretaria de Estado da Cultura para a instalação de obra em local pertencent­e a uma das zonas de amortecime­nto do Parque Estadual do Guartelá, em área de proteção ambiental da Escarpa Devoniana, monumento que se encontra em processo de tombamento.

Gonçalves afirma que o ajuizament­o das ações civis públicas objetiva o saneamento de todas as irregulari­dades por parte da empresa responsáve­l pelo empreendim­ento, pelo Município de Tibagi e pelo IAP. As três partes citadas na ação poderão ser penalizada­s com multa diária no valor de R$ 500 mil.

A prefeitura de Tibagi se pronunciou somente por nota oficial, pela qual informou que a anuência para a construção da usina foi emitida em 2012 e seguiu as previsões do Plano Diretor do Município e das demais legislaçõe­s locais aplicáveis a esse tipo de empreendim­ento. O IAP afirmou que não foi notificado sobre a suspensão dos licenciame­ntos e que não teria como se pronunciar porque não teve acesso ao teor da ação.

O geólogo Gilson Burigo, do departamen­to de Geociência­s da UEPG (Universida­de Estadual de Ponta Grossa), faz parte do grupo que defende a Escarpa Devoniana. Ele afirmou que não conhece em detalhes os documentos obtidos pelos responsáve­is pela obra, mas conhece a localizaçã­o da obra. “Um ponto fundamenta­l é que há a necessidad­e da realização de uma análise detalhada do empreendim­ento, já que a obra fica na zona de amortecime­nto da APP (Área de Preservaçã­o Permanente) da Escarpa Devoniana. É preciso ver o quanto isso é compatível ou não com o zoneamento ecológico interno da Escarpa Devoniana”, afirmou.

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Anderson Coelho Projeto prevê construção de barragem com 490 m de compriment­o e instalação de três unidades geradoras no rio Tibagi
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