Folha de Londrina

904 é a linha de transporte coletivo mais longa de Londrina

Linha de transporte coletivo mais longa do município, a 904 percorre 35 quilômetro­s e leva o passageiro para mais de 15 bairros em diferentes regiões

- Carolina Avansini Reportagem Local (C.A.)

Em apenas uma viagem de ônibus, é possível percorrer três regiões de Londrina e conhecer bairros, pessoas e realidades bem diferentes que coexistem na cidade. Considerad­a a mais longa do transporte coletivo do município, a linha 904 percorre 35 quilômetro­s em um trajeto que começa no terminal Vivi Xavier, na zona norte, e termina no conjunto São Lourenço, no extremo sul.

A quilometra­gem cumprida a cada viagem é a mesma percorrida entre Londrina e Arapongas. A bordo do 904, porém, a paisagem é bem diferente. Conforme informaçõe­s da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o), o ônibus passa por mais de 15 bairros e quatro terminais: Vivi Xavier, Oeste, Catuaí e Acapulco. Nestes pontos, permite integração com 65 linhas que vão para todos os pontos da cidade.

Por ser uma linha perimetral, o 904 não passa pelo Terminal Central. A função dessa categoria, conforme a CMTU, é justamente ligar regiões periférica­s sem necessidad­e de ir ao centro para trocar de ônibus. A linha mais longa do transporte coletivo de Londrina transporta diariament­e 2.250 passageiro­s, em média, que para percorrer os pontos extremos levam quase uma hora e meia.

A reportagem da FOLHA experiment­ou viajar por todo o trajeto. O ônibus sai do Vivi Xa- vier, passa pelo terminal Oeste, percorre a avenida Arthur Thomas e um trecho da PR-445 até chegar à UEL (Universida­de Estadual de Londrina). A partir da universida­de, o passageiro tem a sorte de admirar o horizonte do município, com todos seus edifícios, no trajeto pela mesma rodovia que leva ao shopping Catuaí.

A próxima parada é o Terminal Acapulco - onde o carro atende passageiro­s que vieram de outros bairros da zona sul para então percorrer o trecho final da viagem, passando por conjuntos como Ouro Branco, Parque das Indústrias e Franciscat­o até chegar ao São Lourenço. A viagem de volta passa pelos mesmos pontos.

A 904 concentra pessoas e paisagens muito diversas. O cobrador João da Silva, que trabalha neste ofício há seis anos, mas atua na linha há pouco mais de um mês, conta que o coletivo transporta os mais diferentes perfis. “Aqui tem de tudo: idosos, trabalhado­res, gente muito carente e estudantes das universida­des. O pessoal fica tanto tempo no ônibus que a gente acaba fazendo amigos”, brinca.

Três motoristas se revezam no trajeto, mas Silva permanece do início ao fim. “A hora mais lotada é perto do almoço, quando passamos nas escolas”, conta ele, que graças ao ônibus está conhecendo lugares de Londrina onde nunca tinha estado. “O São Lourenço era um bairro que eu não conhecia”, destaca.

INÍCIO DE VIAGEM

No trecho inicial, o trajeto inclui o conjunto de habitações populares Vista Bela (zona norte) e os tradiciona­is bairros Santa Rita e Bandeirant­es (zona oeste). Nestes locais, muitos passageiro­s viajam com destino ao terminal Oeste para buscarem atendiment­o médico ou mesmo resolver pendências no centro da cidade.

É o caso da dona de casa Iraci Rodrigues. Ela mora no Vista Bela e, acompanhad­a das filhas Graziela, 14, e Gabriela, 9, usa o 904 para fazer integração e chegar ao centro. “Hoje vamos saber mais informaçõe­s sobre um curso profission­alizante que minha filha ganhou, mas também uso essa linha para ir ao posto de saúde do Leonor (que atende 24 horas) ou levar a mais nova ao Hospital das Clínicas da UEL”, contou.

A universida­de é o destino mais distante que ela vai com o ônibus. Apesar de saber que é possível chegar ao shopping Catuaí, Rodrigues garante que este destino não faz parte do hábito da família. “Sei que vai até o shopping porque usava essa linha quando trabalhava perto, mas nunca vamos até lá passear. Tudo custa muito caro, com cinco filhos é impossível”, analisa.

Para Denise Isabela Paião, o 904 trouxe oportunida­des. Isso porque ela mora na zona norte, conseguiu um trabalho temporário na ExpoLondri­na e usou a linha por 15 dias para fazer baldeação no Terminal Oeste e assim chegar ao Ney Braga. “Nem sabia queiaatéaz­onasul,omáximo que já cheguei foi à UEL”, contou.

A salgadeira Juliana Pessoa considera o 904 uma verdadeira “mão na roda”. Ela tem uma pequena fábrica de salgados com a família e faz entregas diárias a lanchonete­s e também atende festas. Como mora no Parque das Indústrias (zona sul), ela usa o ônibus para fazer as entregas em diferentes bairros de Londrina. “Para mim é maravilhos­o, não precisa fazer baldeação em nenhum terminal”, elogia.

Dependendo do destino, a viagem pode ser bem longa, mas o tempo passado no ônibus não atrapalha Pessoa, que aproveita o momento para responder mensagens de clientes, pegar encomendas e planejar a rotina. “É o meu escritório ambulante”, brinca. Muitas vezes, após as entregas, ela fica no meio do caminho para resolver problemas pessoais, fazer compras ou pedidos em fornecedor­es. Na volta para casa, o meio de transporte, claro, é a linha 904.

Aos fins de semana, quando vai visitar parentes no Vivi Xavier, Pessoa também usa o ônibus. “É a linha que mais uso. Como é longa, meu companheir­o é o fone de ouvido”, diz ela, que durante a entrevista atraiu a atenção de uma passageira do ônibus e conseguiu uma nova cliente.

Para mim é maravilhos­o, não precisa fazer baldeação em nenhum terminal” É a linha que mais uso. Como é longa, meu companheir­o é o fone de ouvido”

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Trajeto começa no terminal Vivi Xavier (zona norte) e termina no conjunto São Lourenço, no extremo sul
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Próximo à UEL, o passageiro tem a sorte de admirar o horizonte do município, com todos seus edifícios

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