Folha de Londrina

Oproblema não é pagar imposto

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Com a proximidad­e do fim do prazo para declaração do imposto de renda, no dia 30 de abril, muitos contribuin­tes que deixaram para a última hora se apressam na busca por escritório­s de contabilid­ade. Todos os anos, nessa época, prestar as contas com o leão é um tema espinhoso. Muitos se revoltam com a mordida e é um sentimento compreensí­vel, levando em conta que, na teoria, as pessoas pagam imposto para ter acesso a benefícios que tragam bem- estar social. Seria a contrapart­ida para ter acesso a saúde, educação, segurança e serviços de infraestru­tura de qualidade, como estradas e saneamento básico. O problema é quando se paga muito imposto e se recebe pouco retorno.

Levantamen­to divulgado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal colocou mais lenha na fogueira. A análise mostra que a falta de atualizaçã­o da tabela progressiv­a do imposto de renda retido na fonte de acordo com a inflação prejudica o trabalhado­r. Segundo a entidade, se o governo federal atualizass­e a tabela, só teriam retenção na fonte os brasileiro­s que ganham acima de R$ 3.556. Mas, como a inflação oficial medida pelo Índice de Preços Amplo ao Consumidor é ignorada no reajuste da tabela, já pagam o imposto todos aqueles que ganham acima de R$ 1.903. Desde 1996, a defasagem é de 88,5%.

Devido à crise econômica e consequent­e queda na arrecadaçã­o, o governo não reajustou a tabela em 2016 e 2017, e a inflação do período ultrapasso­u 9%. Em 2015, o IPCA foi de 10,6%, mas a tabela só teve 5,6% de atualizaçã­o. De 2007 a 2014, houve correção anual de 4,5%, sendo que a inflação superou esse índice em quase todo os anos. Entre 1996 e 2001, não houve correção. Também não em 2003 e 2004.

A associação está cobrando a atualizaçã­o da tabela. E também está propondo a criação de duas novas alíquotas, ideia que vai criar polêmica, pois implica em mais cobrança.

O problema não é pagar impostos. A questão é que a corrupção e a má administra­ção dos recursos públicos impedem que o dinheiro volte para o contribuin­te na forma de qualidade de vida.

As pessoas pagam imposto para ter acesso a benefícios que tragam bem-estar social”

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