VeludRadicalismoRadicalismonoveludo
Nas últimas votações do STF deu para perceber que a Lava Jato já não é tão sentenciosa quanto antes. Dá para perceber umnível de arregimentação entre os ministros e comumviés de equilíbrio que se viu nesta quinta-feira (19) no exame dos embargos infringentes no processo de Maluf. Se isso é bom ou ruim só se saberá nos desdobramentos que exigirão, por certo, mais precisão das denúncias levadas à Corte.
Os que votam contra os desígnios judiciais das denúncias alegam fazê-lo não se importando com a opinião pública e, às vezes, avançando para dizer que esse tipo de populismo desfigura o sentido da justiça, assumindo com isso postura heroica e necessária contra o cortejamento servil das massas e atribuindo missão demagógica aos adversários e quem o faz com maior desenvoltura e proeminência é o ministro GilmarMendes.
Comose vê, nema retórica untuosa que pasteuriza agressões é suficiente para dissimular que o radicalismo, essemesmo que afeta as relações interpessoaisemnosso cotidiano, lá chegou e permanece. Daí as explicações para pesquisas de opinião emque o público ao mesmo tempo acredita nos delitos de Lula, mas conclui que nada acontecerá com eles.
Nemo augusto ambiente comsua sobriedade, cortinas e tapetes de veludo, detém a marcha oleosa do radicalismo, e lá parecia constituir-se, apesar de tudo e das muitas incongruências, a derradeira referência da paz social e do ordenamento democrático. Empatia ou qualquer forma de idiossincrasia não pode ser o fator que agrega ou afasta nessas deliberações.