Folha de Londrina

Assembleia Nacional de Cuba empossa Miguel Díaz-Canel como presidente

Ele será a primeira pessoa de fora da família Castro a comandar o país em quase 60 anos

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Isabel Fleck Folhapress

Havana -

A Assembleia Nacional de Cuba confirmou nesta quinta- feira ( 19) Miguel Díaz- Canel como sucessor de Raúl Castro no comando da ilha. Ele recebeu 603 dos 604 votos possíveis na sessão que começou às 9h locais (10h de Brasília) e é oficialmen­te o novo presidente do país.

Díaz- Canel foi indicado na quarta ( 18) para ocupar o cargo de presidente do Conselho de Estado, cargo que representa o chefe de Estado e de g ov e r n o d e Cuba. Ele será a primeira pessoa de fora da família Castro a comandar o país em quase 60 anos. Antes disso, era o primeiro vice-presidente do órgão.

Com isso, ele se tornou oficialmen­te o líder da ditadura cubana, embora na prática Raúl deva manter o poder, já que continuará no comando do Partido Comunista Cubano ( até 2021) e das Forças Armadas - postos que de fato ditam a política na ilha.

A expectativ­a, portanto, é que Díaz-Canel siga sob o comando do general. Raúl disse à Assembleia que “na hora certa” o novo presidente poderá substituí-lo também no comando do partido, mas não especifico­u quando isso deve acontecer.

Após ser confirmado, o novo presidente fez um discurso no qual disse que Raúl segue como líder da revolução e que pretende manter a continuida­de do governo. “Afirmo a esta assembleia que o companheir­o general do Exército Raúl Castro Ruz, como primeiro secretario do Partido Comunista de Cuba, encabeçará as decisões de maior transcendê­ncia para o presente e o futuro da nação”, disse ele. “O mandato dado pelo povo a esta legislatur­a é dar continuida­de à revolução cubana em um momento histórico crucial, que será marcado por tudo que devemos avançar na atualizaçã­o do modelo econômico”, afirmou Díaz-Canel em sua fala na Assembleia.

Díaz-Canel indicou ainda que pretende manter as diretrizes estabeleci­das por Raúl também na relação com os outros países. “A política exterior cubana se manterá inalteráve­l”.

“Cuba não faz concessões contra sua soberania e independên­cia, não negociará princípios nem aceitará condiciona­mentos. Jamais cederemos ante pressões ou ameaças. As mudanças que sejam necessária­s serão decididas soberaname­nte pelo povo cubano”, afirmou ele.

Raúl Castro também falou à Assembleia, depois de Díaz- Canel. Segundo ele, será formada uma comissão na Assembleia para discutir a reforma da constituiç­ão da ilha, que será colocada em referendo, mas que isso não significa mudar o caráter socialista do regime.

A Assembleia também confirmou os outros nomes que farão parte do Conselho de Estado: o novo primeiro vice- presidente, Salvador Valdés; e os outros cinco vice- presidente­s: Ramiro Valdés, Roberto Tomás Morales, Gladys María Bejerano, Inés María Chapman e Beatriz Jhonson. Todos, incluindo Diáz- Canel, terão mandato de cinco anos.

Em sua fala, Raúl afirmou que Diáz-Canel poderá ficar no máximo dois mandatos, de cinco anos cada, na Presidênci­a.

PERFIL

Aos 57 anos, Díaz- Canel é parte de uma geração que nasceu depois da revolução. Na nova composição da Ass e m b l e i a Na - cional, 87,6% também não tinham nascido quando o poder foi tomado a partir de Sierra Maestra.

É engenheiro eletrônico de formação, mas, assim que se formou, aos 22 anos, ingressou nas Forças Armadas Revolucion­árias. Serviu por três anos e voltou à universida­de, onde, além de lecionar, ingressou na UJC (União de Jovens Comunistas) local. Pela UJC, foi para a Nicarágua, em 1987, durante a Revolução Sandinista. Nunca exerceu a engenharia.

Quando regressou, dois anos depois, já se tornaria o dirigente da União de Jovens Comunistas de Santa Clara. Do comitê jovem, seguiu sua trajetória para o Partido Comunista, que o levaria a Havana em 2009, já como ministro da Educação Superior. Ao seu perfil discreto se credita, em grande parte, sua ascensão dentro do regime.

Aos 57 anos, Díaz-Canel faz parte de uma geração que nasceu depois da revolução

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Adalberto Roque/AFP Miguel Díaz-Canel foi confirmado como sucessor de Raúl Castro no comando da ilha
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