Em discurso de despedida, Raúl critica prisão de Lula
Havana -
Em seu discurso de despedida do comando da ditadura cubana nesta quinta- feira ( 19), Raúl Castro criticou a prisão do ex- presidente Lula, seu amigo pessoal, no Brasil.
“[Depois do] golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff, se consumou a prisão arbitrária do companheiro Lula, cuja liberdade reclamamos”, disse o comandante.
“Hoje [ Lula está] submetido à prisão política para impedir que ele participe das próximas eleições presidenciais, já que segundo diferentes pesquisas, se houvesse eleições hoje, ninguém poderia ganhar de Lula”. As declarações foram dadas na Assembleia Nacional em Havana, onde Raúl fez um longo discurso após passar o cargo de presidente para seu indicado, Miguel Díaz-Canel.
Raúl falou três vezes mais que seu sucessor, dando as diretrizes de como o governo deverá funcionar daqui para a frente e mostrando quem ainda seguirá no comando do país. Castro sugeriu, por exemplo, que Díaz- Canel o suceda à frente do Partido Comunista Cubano, cargo que o general ocupará até 2021. Também determinou que a Assembleia Nacional crie uma comissão para discutir uma reforma constitucional, a ser apreciada em referendo, mas que não mudaria o “caráter socialista irrevogável” do sistema cubano.
“Quando ele [ Díaz- Canel] cumprir seus dois mandatos, se trabalhar bem, deve dar [ o poder] ao seu substituto, como está se f a ze n d o a q u i ”, disse Castro. “Cessados os dez anos de presidência no Conselho, nos três que lhe faltam até o Congresso [ do partido comunista], ficaria como primeiro-secretário [do partido] para viabilizar o trânsito seguro e honrando as aprendizagens de seu substituto até que se aposente”, completou.
Castro deixa nesta quinta-feira (19) a presidência do Conselho de Estado, cargo que cabe ao chefe de Estado e de governo da ilha, após dez anos de mandato oficial. Ele, no entanto, havia assumido interinamente a presidência do Conselho já em 2006, quando Fidel Castro adoeceu.
Agora, ele segue à frente dos postos que têm, na verdade, a palavra final sobre a política em Cuba - as Forças Armadas e o Partido Comunista Cubano. Neste último, seu mandato vai até 2021.
(I.F.)