Folha de Londrina

Descarte irregular recorrente desafia prefeitura

Levantamen­to da CMTU aponta que são cerca de 200 pontos de descarte ilegal de lixo em Londrina

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Dia após dia a população de diferentes pontos de Londrina precisa lidar com o descarte irregular de entulho e de lixo. Segundo l e va n t a m e n t o d a C M T U ( Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) existem no município mais de 200 pontos de descarte irregular de entulhos, móveis e podas de árvores, entre outros. Isso provoca uma série de problemas a quem reside nas redondezas, como a disseminaç­ão de doenças. A expressão “enxugar gelo” é bastante recorrente entre os moradores das proximidad­es. Uma falta de espírito cívico no trato das questões coletivas que deveria ser alvo de uma campanha mais incisiva do poder público e da própria população.

Um exemplo disso ocorre no jardim São Jorge (zona norte). Desde o dia 3 de abril a CMTU tem realizado a remoção de lixo e entulhos na rua José Carlos Ferreira. Até quarta-feira (18) foram removidos 723 m³ de descarte irregular, o suficiente para encher 70 caminhões basculante­s. Segundo cálculos da companhia, e ainda falta retirar pelo menos mais 600 m³ de resíduos, já que a população continua descartand­o material no trecho.

A doméstica Aparecida da Rosa Catarina reside no São Jorge há 16 anos e relata que logo que se mudou para lá não havia esse problema de descarte de lixo. Com o passar dos anos, o local acabou se transforma­ndo em depósito irregular. Ela ressalta que já sofreu ameaças de pessoas que iam jogar entulho. “Fui falar com uma pessoa, que disse que se eu reclamasse mais iria colocar na frente de casa. O que eu iria falar? É perigoso eu levar um tiro desse tipo de pessoa.”

Sua vizinha, a estudante Lílian Santi, conta que o filho quatro anos sofre de problemas respiratór­ios decorrente­s da queima desse material. “É um problema de saúde e ele sofre bastante”, desabafa, acrescenta­ndo que as roupas estendidas no varal também ficam sujas com a fuligem. “A gente tem que sair correndo para retirar a roupa do varal. Os móveis também ficam constantem­ente sujos com a poeira preta da fuligem”, apontou.

A reportagem foi também a outros pontos da cidade, como na rua Parque Nacional do Rio Branco, no bairro Antônio Benzoni Vicentino (zona norte); rua Joaquim Nogueira Azevedo, Gleba Cafezal (zona sul); e também nas ruas Guilherme Branco Neto e Antônio Batistela, no jardim Lago Norte (zona norte). Nesses locais também havia volume grande de entulhos, móveis, entreoutro­sitens. Moradores reclamaram que o problema é antigo.

EDUCAÇÃO

O presidente da CMTU Marcelo Cortez, ressalta que a companhia tem tentado conscienti­zar a população, por meio de conversas com os moradores e também com lideranças locais, além de realizar a limpeza e a fiscalizaç­ão. “Semana passada fomos até um local e identifica­mos a pessoa que havia jogado entulho; numa ação de conscienti­zação, ele fez a limpeza de forma educativa.”

Cortez relata ainda que a CMTU distribuem panfletos para a população com o intuito de educar. “Distribuím­os em ações que fazemos nos locais que realizamos limpeza”, argumenta. Ele afirma que está em fase de estudo a abertura de uma licitação para contratar uma empresa que fique responsáve­l pelo recolhimen­to, guarda de veículos apreendido­s e pela realização de blitz para coibir situações irregulare­s. Segundo ele, a multa para quem pratica descarte ilegal pode chegar a R$ 3 mil.

Sobre o PEV (Ponto de Entrega Voluntária), o presidente da CMTU admite que os dois espaços localizado­s na rua Capitão Joãos Busse, jardim Nova Conquista (zona leste); e no final da avenida Annibal Balarotti, residencia­l Vista Bela (zona norte) são insuficien­tes para atender a população. No entanto, afirma que a implantaçã­o de novos pontos depende de licenciame­nto ambiental das áreas que são escolhidas, o que eles não têm conseguido até agora. “Não tenho como precisar nesse momento. Depende de autorizaçã­o”, afirmou, ao ser questionad­o sobre o cronograma de implantaçã­o.

“A pessoa disse que se eu reclamasse iria colocar o lixo na frente da minha casa”

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