Folha de Londrina

Tango multicultu­ral

Depois de viver em Aires, a londrinens­e leva a o espetáculo

- Magaléa Mazziotti Reportagem Local

Riscando o chão com paixão, técnica e a desenvoltu­ra apurada de quem faz da dança a própria razão de existir e acumula quase três décadas de vida dedicadas à arte, a londrinens­e de nascimento, caiçara de coração e tendo Curitiba como endereço dos primeiros passos na dança - na escola de ballet clássico do Teatro Guaíra - Louise Malucelli, 34 anos, deu início no último sábado (14) à concretiza­ção de um sonho antigo: o espetáculo Cabaret Show. “É muito lindo estar fora, fazer parte de uma cultura diferente , mas conseguir trazer esse formato de espetáculo para um lugar que remete à casa dos meus pais, no restaurant­e da minha família, e de certa forma proporcion­ar isso ao Brasil me fascina completame­nte”, constata Louise.

Em 2018, ela completa 20 anos de carreira como dançarina de tango, acumulando prêmios importante­s como o de Melhor Bailarina na premiação Carlos, em 2016. Após oito anos vivendo na capital argentina de Buenos Aires, Louise e seu parceiro há 13 anos pelos palcos do mundo, o dançarino argentino Marcos Roberts, decidiram que era chegada a hora de terras margeadas por um rio diferente do Prata também serem contemplad­as com um trabalho grandioso e multicultu­ral. A dupla traz no currículo o fato de terem sido os primeiros bailarinos da casa Madero Tango, em Buenos Aires, diretores coreográfi­cos da Senõr Tango e, atualmente, integrarem uma das mais importante­s companhias do gênero no mundo, a Tango Fire. “A companhia realiza turnê a cada dois anos e, em 2019, será a vez de Londres. A oportunida­de de viajar o mundo com o tango nos leva a acreditar que toda a densidade e emoção dessa dança, desse ritmo contagia os mais diferentes povos, do Japão à Polônia. Isso só reforça o merecido reconhecim­ento dado pela Unesco de elevar o tan- go ao status de Patrimônio Cultural da Humanidade”, ressalta.

Louise atribui o interesse pelo ritmo argentino às influência­s familiares. “Meu bisavô era maestro de orquestra e desde muito nova, comecei com 14 anos, tive uma identifica­ção absoluta com o tango, ao mesmo tempo que adorava nadar no Nhundiaqua­ra”, revela.

TEMPORADA EM MORRETES

Muito antes da audição que selecionou o elenco do espetáculo há dois meses com artistas e dançarinos locais, o Cabaret Show era um projeto que há anos vinha sendo estruturad­o. A reformulaç­ão do cardápio,com a assinatura do chef italiano Davide Brusório, foi um dos alicerces do projeto. Outro foram as intervençõ­es na estrutura física do restaurant­e para permitir a execução das apresentaç­ão de todo o espetáculo. “Meu pai, que faleceu há cinco anos, por diversas vezes ao assistir minhas apresentaç­ões dizia que precisávam­os trazer para o Paraná esse formato. Sabemos que é ousado, até porque envolve um trabalho de formação de público, mas não tenho dúvida que esse é o momento de virada da profission­alização do turismo em Morretes, de conseguir prestar essa homenagem póstuma ao meu pai e de realizar esse sonho, que pretendo estender para outras cidades”, acredita. A “inquietude” gerada com o fim da alta temporada e a redução dos passeios de trem às sextas, sába- dos e domingos, serve de combustíve­l a mais aos idealizado­res do espetáculo que firmaram parceria com uma empresa de transporte.

Sobre a estreia, Louise ad- mite que tiveram vários erros, mas não foi econômica em elogios à equipe que além do parceiro e dançarino Marcos Rober ts, teve também Fernanda Dubiel,

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M agaléa M azziotti/Divulgação Louise Malucelli e Marcos Roberts: do Prata ao Nhundiaqua­ra, os passos do tango entre rios

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