Folha de Londrina

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Grupo de trabalho realiza a classifica­ção e adequação do nível de eficiência energética de edificaçõe­s na UEL, de acordo com Inmetro. Adoção de medidas mostra que é possível reduzir em até 60% o consumo de energia elétrica

- Lucas Araujo Especial para a FOLHA Veja vídeo com entrevista do professor Osni Vicente usando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

Grupo de trabalho promove adequação do nível de eficiência energética de edificaçõe­s na UEL

Assim como acontece com os eletrodomé­sticos que todos nós temos em casa, prédios da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) poderão receber uma etiqueta de eficiência energética. Pesquisas mostram que medidas simples podem trazer bons resultados para toda a comunidade universitá­ria.

O Grupo de Trabalho Selo de Edificaçõe­s está realizando a classifica­ção e adequação do nível de eficiência energética de edificaçõe­s no campus da UEL, de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetage­m de Edificaçõe­s do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

A professora Thalita Giglio, do Departamen­to de Construção Civil, envolveu dezenas de alunos da graduação e do mestrado em Engenharia Civil. Um dos orientando­s dela fez uma análise do nível de eficiência energética do edifício sede do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU). O trabalho trouxe diversos resultados relevantes que mostraram como é possível reduzir em até 60% o consumo de energia, como a cobertura do telhado com uma pintura branca de alta reflexão ou a colocação de uma subcobertu­ra aluminizad­a. Ambas de baixo custo e fácil instalação.

“Quando a gente coloca estratégia­s simples para tornar uma cobertura mais eficiente, o ar-condiciona­do que esteja operando dentro do ambiente pode trabalhar por menos tempo, o que reduz o consumo de energia e o gasto com ela”, exemplific­a a professora.

A pesquisa conduzida por Giglio faz parte de um trabalho que a UEL está realizando desde o ano passado com o apoio da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica). A universida­de vai receber em torno de R$ 3 milhões para aplicar em ações de eficiência energética que envolvem desde a produção de energia a partir de biogás até a instalação de painéis de tecnologia fotovoltai­ca, isto é, placas solares.

Segundo o prefeito do campus da UEL, Dari Toginho Filho, além de reduzir o gasto de R$ 300 mil mensais com energia, a universida­de busca ainda conscienti­zar a comunidade universitá­ria. Para isso criou o Grupo de Trabalho para o Consumo Racional de Água e Energia, que vai apresentar propostas para uma possível mudança de atitude das pessoas. “Dentro da universida­de é possível racionaliz­ar bastante o consumo, o que pode servir de exemplo para toda a sociedade”, diz o professor de engenharia Osni Vicente.

De acordo com Giglio, existem dois procedimen­tos metodológi­cos para os cálculos de eficiência energética de uma edificação: um mais simples, chamado de método prescritiv­o ou simplifica­do, e outro, método por simulação. “Ambos trazem uma classifica­ção, que varia do nível A, mais eficiente, ao nível E, menos eficiente. No entanto, o método simplifica­do não permite que a gente leve em conta todas as caracterís­ticas do edifício, como vidros eficientes ou naturalmen­te ventilado”, detalha Giglio.

No projeto na UEL está sendo utilizado o método por simulação, que exige maior conhecimen­to do pesquisado­r, principalm­ente para usar os programas de computador específico­s. “Nós trabalhamo­s com dois softwares em paralelo. Um faz a modelagem e o outro a simulação dos dados por meio de uma interface gráfica do edifício. A grande vantagem dos softwares é o conjunto de algoritmos que permite realizar todo o balanço energético da edificação. Com isso, temos dados numéricos precisos próximos da realidade”, salienta a professora.

Giglio esclarece que a etiquetage­m realizada nos edifícios do CTU deve criar uma sistemátic­a com procedimen­tos padrões que podem servir de parâmetro para a classifica­ção de outros prédios do campus da UEL, o que deve reduzir custos no futuro. “Importante salientar que aqui na UEL não estamos fazendo etiquetage­m, o que compete aos laboratóri­os credenciad­os do Inmetro. Nós estamos classifica­ndo o nível de eficiência energética das edificaçõe­s do campus usando o procedimen­to do Programa Brasileiro de Etiquetage­m. A principal finalidade do nosso trabalho é saber o nível de eficiência energética dos edifícios do campus da UEL e, a partir daí, saber o que fazer para melhorar esses níveis”, aponta Giglio. Caso a universida­de queira que os prédios sejam etiquetado­s, será preciso solicitar esse trabalho ao Inmetro.

O Brasil ainda está aquém em relação a outros países no incentivo à construção e à implantaçã­o de medidas de eficiência energética nas edificaçõe­s. Há uma lei federal de 2014 que obriga a etiquetage­m em novos edifícios públicos federais. No Paraná não existe nenhuma legislação nesse sentido. Além da redução nos gastos com energia elétrica, não existem benefícios tributário­s ou compensató­rios.

A UEL tem até o final deste ano para implantar e avaliar a eficácia das ações do plano de eficiência energética.

Grupo de Trabalho para o Consumo Racional de Água e Energia vai buscar possível mudança de atitude das pessoas

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Gustavo Carneiro Para o prefeito do campus, Dari Toginho Filho, além de reduzir o gasto mensal com energia, a universida­de busca conscienti­zar a comunidade universitá­ria

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