Folha de Londrina

BELA VISTA -

Apartament­os pequenos podem ser um incentivo para reformular a maneira de se pensar a vida e exercitar o desapego

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Londrina é uma das cidades brasileira­s com maior número de edifícios; edição aborda o estilo de vida de quem opta por viver no alto.

Na vida moderna, praticidad­e é uma necessidad­e. Os apartament­os pequenos oferecem solução para pessoas que pretendem morar com funcionali­dade sem perder o conforto. Para isso, é necessário desapegar, adotar novo estilo de vida e compreende­r que é possível viver bem com menos.

“Eu vim de uma casa muito grande, com muita história de vida, viagem, aí você vai comprando coisas desnecessá­rias. Pegar várias histórias da sua vida e colocar em um espaço pequeno requer muito desapego”, conta a moradora de um apartament­o pequeno da zona sul de Londrina, que prefere não se identifica­r.

O processo fez parte de um recomeço. Após passar por diversas mudanças, teve depressão e a escolha pelo apartament­o veio como novas oportunida­des e olhares diferentes para a vida. “Nessas mudanças, meu emocional estava muito abalado, eu queria reconstrui­r minha vida e a casa para mim foi o momento de tudo. Era meu refúgio, o espaço onde eu me encontrei”, destaca.

Para essa nova chance contou com a ajuda da arquiteta Bianca Nunes, que teve a tarefa de ajudá-la na escolha e na formulação do espaço. “Muitas vezes o cliente vem com uma história de vida, bagagem e também com as expectativ­as. O que ele nos fala não é o que ele quer, então tem que conseguir traduzir o que vai ser o melhor para ele. Tem profission­ais que induzem, sem saber, o cliente a uma potenciali­zação de uma depressão”, explica a arquiteta sobre a importânci­a da psicologia na arquitetur­a.

Com esses espaços pequenos, damos valor em outras coisas. Em vez de ficar limpando a casa, cuidando de jardim, vou passear no lago, visitar meus pais, curtir os amigos”

O primeiro passo foi escolher o local. Um apartament­o que atendesse às novas necessidad­es da moradora, que queria estar próxima ao comércio e à igreja para que as atividades fossem feitas a pé. O local escolhido atende à demanda, além de possuir vegetação, possibilit­ando o contato com a natureza, e boa vizinhança.

Ao mesmo tempo, tratavase de um imóvel antigo. “O dia que a gente entrou aqui era horrível”, recorda-se.

Reformar o apartament­o todo, para a moradora, foi melhor do que comprar um imóvel novo no bairro ao lado. Como a planta é antiga, o espaço dedicado à cozinha é mais amplo. “Eu gosto de cozinhar, receber pessoas. Eu preferi aqui a um novo que tivesse a cozinha muito pequena”, afirma.

A partir da escolha, começaram as obras. Lixar parede, móveis novos, acréscimo de iluminação. “Aqui era bem antigo, tinha azulejo pequeninin­ho, colorido, pia antiga, mas o piso foi restaurado.” Com ar vintage, a arquiteta explica que esse aspecto foi mantido por exigência da cliente. “Ela gosta disso, também trouxe as coisas de madeira de demolição. O arquiteto precisa ter o senso de não invadir a personalid­ade e os desejos do cliente”, conta Nunes.

Consideran­do essas caracterís­ticas, o apartament­o ganhou o ar interioran­o na modernidad­e. Por gostar de plantas, algumas folhagens foram aplicadas sobre as peças de madeira de demolição, o cinza para as cortinas e sofá deu o tom de sobriedade. Portas, pinturas, esquadrias e alguns armários de quarto de hóspede foram reaproveit­ados.

Reaproveit­ar quando é possível. Renovar quando necessário. “Eu quis pegar um livro em branco e realmente reescrever a minha história”, ressalta a residente. Para essa história, uma nova forma de viver a vida e valorizar as pequenas coisas. “A gente vive com muito pouco. Eu acredito que esses espaços pequenos são essenciais na nossa vida, porque você dá valor em outras coisas. Em vez de ficar limpando a casa, cuidando de jardim, vou passear no lago, visitar meus pais, curtir os amigos”, defende. LAIS TAINE REPORTAGEM LOCAL

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