Folha de Londrina

MPF pede alienação de apartament­o de luxo do ex-diretor do DER

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Curitiba - PATRIMÔNIO INCOMPATÍV­EL Leal Júnior ocupava o cargo desde 2013 e tinha sido nomeado pelo irmão do ex-governador Beto Richa, José Richa diretas e cruzadas de parentes, exige-se, na mesma medida, coibir o transnepot­ismo, que se materializ­a nas trocas de favores entre os poderes, em que o agente político, valendo-se de sua prerrogati­va de nomeações de cargos em comissão,

A força-tarefa da Lava Jato apresentou à Justiça Federal um pedido de alienação antecipada do apartament­o de luxo que o ex-diretor do Departamen­to de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná Nelson Leal Júnior, preso durante a 48ª fase da Operação, em fevereiro, mantinha em Balneário Camboriú (SC). O imóvel, avaliado em R$ 2,5 milhões, foi apreendido há dois meses e sequestrad­o pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba. A suspeita é de que cerca de R$ 500 mil do valor total foram pagos em espécie ou com recursos sem origem identifica­da.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o fato de o réu ter sido exonerado dos cargos que ocupava compromete sua renda e, consequent­emente, põe em risco a manutenção do bem. A petição, assinada em 19 de abril por Deltan Dallagnol e outros 16 procurador­es, destaca que o apartament­o não foi completame­nte pago e que a Incorporad­ora Cechinel já se manifestou nos autos para garantir seu crédito, no que se refere ao saldo devedor de R$ 413 mil. No entendimen­to do MPF, os riscos apontados têm “potencial de esvaziar o sequestro enquanto garantia do juízo”.

Ainda conforme o órgão, o sequestro é insuficien­te para cobrir tanto o valor de blo- queio determinad­o pelo juízo (R$ 20 milhões), como o valor mínimo do dano inicialmen­te estimado pelo MPF (R$ 35 milhões). “A insuficiên­cia fica demonstrad­a também diante da nova estimativa de valor do dano fixada na ação penal proposta contra os investigad­os, da ordem de R$ 126 milhões”, prossegue o Ministério Público. O imóvel está localizado de frente para a praia, na avenida Atlântica. Filho, o Pepe, então secretário de Estado da Infraestru­tura e Logística. Leal Júnior é apontado como o principal responsáve­l pelo esquema fraudulent­o instalado no DER.

Segundo a denúncia, ao mesmo tempo em que viabilizav­a os aditivos favoráveis à concession­ária Econorte, uma das seis companhias do Anel de Integração do Estado, apresentou incremento patrimonia­l incompatív­el com seus rendimento­s. O ex-diretor teria recebido, entre 2013 e 2016, mais de R$ 2 milhões em depósitos sem comprovaçã­o de origem nas contascorr­entes que controlava. A FOLHA não conseguiu contato com a defesa de Nelson Leal Júnior.

Nas investigaç­ões da Operação Integração, como foi denominada a 48ª fase da Lava Jato, o MPF identifico­u um superfatur­amento de até 89% no valor do pedágio. O foco são duas empresas ligadas ao Grupo Triunfo, do qual faz parte a Econorte. Os procurador­es se basearam num relatório apresentad­o pelo Tribunal de Contas da União ( TCU) em 2012, segundo o qual as tarifas paranaense­s poderiam ser reduzidas em 18%. O que houve, porém, foi um aumento de 25% concedido graças à assinatura de dois aditivos, com anuência do DER.

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Shuttersto­ck Imóvel mantido por Nelson Leal Júnior em Balneário Camboriú está avaliado em R$ 2,5 milhões, segundo o MPF

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