LUIZ GERALDO MAZZA
Exploração política da prisão de Lula ganha alento com negativas judiciais a visitas
A exploração política em torno da prisão do expresidente Lula ganha alento com as negativas judiciais às visitas,inclusive a mais recente da sua antecessora Dilma Rousseff, que estava ontem em Curitiba na vigília coletiva, e a de hoje por uma comissão parlamentar intentada pelo líder petista na Câmara Federal, Paulo Pimenta, PP apenas no nome e não PT no nome e na alma, como o primeiro deputado estadual da sigla no Paraná, Pedro Tonelli.
Fica nítido o objetivo dessa romaria: uma provocação à justiça para que ela negue, como fez no caso dos governadores e também no do Nobel da Paz, Adolfo Esquivel e do teólogo Leonardo Boff, com o sentido de gerar no público mais uma indisposição ao bloqueio judicial e incrementar a ideia de que Lula é perseguido e sua condenação arbitrária. Se houver a visita, uma hipótese difícil diante da convicção consolidada da magistrada, explora-se a fala de Lula e a arenga monocórdia de que é um preso político e não um apanhado em manobras escusas.
Aliás, adversários da Lava Jato, além do argumento safado de que ela criminaliza a política, criaram a dicotomia de que sua ação traduz a de um partido que tanto pode ser o da justiça como o da polícia, tal o raciocínio obtuso do sofista que engendrou essa criatividade. Essa deficiência de método para pensar, levando tudo ao exercício binário, do claro-escuro e do bem e do mal, obriga à conclusão de que o vilão é o mocinho da história na versão oposta.
O exercício da política não garante imunidade a não ser naqueles limites já impostos em lei, mas a nossa cultura tem sido a da impunidade, facilitada por uma justiça procrastinatória geradora de processos intermináveis e que levam à prescrição. Daí porque o tema chave do Direito no Brasil é a jurisprudência recente do STF que consagrou a prisão pós decisão de segunda instância e que serve à embalagem do caso específico da prisão do ex-presidente.
Quem transformou a política em atividade criminal foram os fraudadores do processo com as propinas e chantagens, edição programada de medidas provisórias no troca-troca de interesses, na elaboração de decretos como o do sistema portuário. Isso sem falar naquilo que vem timbrado como lei, fruto de arranjos semelhantes.